Brasil registra primeira morte por coronavírus
18 de março de 2020O Brasil registrou nesta terça-feira (17/03) a primeira morte em decorrência do coronavírus Sars-Cov-2. A vítima era um homem de 62 anos, morador de São Paulo e que também sofria de diabetes e hipertensão. Mais tarde, um hospital em Niterói, no Rio de Janeiro, anunciou a morte de um idoso de 69 anos com sintomas de coronavírus.
No caso do paciente em São Paulo, os primeiros sintomas se manifestaram em 10 de março. Ele estava internado na UTI do Hospital Sancta Maggiore Paraíso, na capital paulista, desde o dia 14, e morreu na segunda-feira, 16. O paciente não tinha histórico de viagem para o exterior.
"Infelizmente o ocorrido foi o primeiro óbito aqui. Um homem morador de São Paulo internado num hospital privado. O diagnóstico de coronavírus foi feito também por um laboratório privado. Ele veio a óbito ontem 16h03 e não tem histórico. Fomos informados oficialmente hoje às 10h", disse David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo.
Em coletiva de imprensa, o infectologista destacou que a vítima era do grupo de risco, pela idade e por apresentar outras doenças. "Foi uma evolução rápida, da internação ao óbito."
Segundo ele, outras quatro mortes no estado de São Paulo estão sendo investigadas para saber se foram em decorrência do coronavírus. Todas as vítimas, inclusive o homem de 62 anos, estavam internadas na mesma rede hospitalar, mas não ficou claro se estavam na mesma unidade.
Uip acrescentou que, até o momento, não é possível informar quantas pessoas estão em estado grave por causa da doença covid-19, já que os pacientes estão sendo atendidos em hospitais privados, que não costumam fornecer informações sobre a saúde de seus pacientes.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a estimativa é que a cada 160 casos confirmados de coronavírus, cerca de 30 sejam de pessoas em estado grave.
O infectologista disse ainda que, inicialmente, a crise impactou o sistema privado de saúde, mas alertou que é "questão de dias, horas para impactar o sistema público".
Segundo a equipe do governo paulista, o período de incubação do vírus no estado tem sido mais curto que o esperado, com uma média de 3 a 8 dias até a doença se manifestar, em vez de 14 dias. "Vamos inclusive sugerir ao Ministério da Saúde que diminua o tempo de quarentena de até 14 dias para dez", disse Uip.
Também em coletiva de imprensa, o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, frisou a importância de os governos repensarem "cada vez mais as medidas de prevenção, principalmente por se tratar de um óbito comunitário".
Segundo dados desta terça-feira do Ministério da Saúde, São Paulo é o estado brasileiro mais atingido pela pandemia, somando 164 casos confirmados de covid-19.
Na manhã desta terça, a prefeitura de São Paulo decretou situação de emergência na cidade em função da crise. Já o governo do estado cancelou eventos públicos culturais e esportivos em locais abertos e fechados e está recomendando que eventos privados também sejam cancelados.
Além disso, a partir desta terça-feira, todos os funcionários públicos estaduais de São Paulo com mais de 60 anos, exceto os que trabalham nas áreas de segurança pública e saúde, deverão trabalhar de casa. Já os 153 Centros de Convivência do Idoso ficarão fechados por 60 dias.
Vítima no Rio de Janeiro
O Hospital Icaraí, em Niterói, notificou na noite desta terça-feira a morte de um idoso de 69 anos com sintomas de coronavírus. Segundo o hospital, a vítima morreu por choque séptico e pneumonia. Seu quadro se iniciou em 11 de março. Ele teve "insuficiência respiratória aguda" e precisou respirar com ajuda de aparelhos.
Em comunicado, a unidade informou que o paciente possuía "história epidemiológica para a covid-19" – o enteado dele veio de Nova York, nos Estados Unidos, com diagnóstico positivo. "O paciente, além da idade, possuía comorbidades que o colocaram no grupo de risco", disse o hospital, citado pelo jornal O Globo.
O Rio de Janeiro, segundo estado brasileiro mais afetado, com 33 casos confirmados, entrou em situação de emergência nesta terça-feira, com uma série de medidas temporárias adotadas para prevenir o contágio.
Entre elas, ficam suspensos por 15 dias os eventos e atividades com presença de público, atividades em cinema e teatro, visita nas unidades prisionais, visita a pacientes internados nas redes pública e privada diagnosticados com covid-19, e as aulas nas redes pública e privada.
Com casos confirmados entre parlamentares, o Legislativo também foi forçado a agir. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cancelou a sessão conjunta do Congresso que estava prevista para começar às 11h desta terça-feira.
Nos últimos dias, Alcolumbre vinha sendo pressionado para suspender as atividades no Legislativo devido a casos de covid-19 confirmados em pelo menos três parlamentares: o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e os deputados Cezinha de Madureira (PSD-SP) e Daniel Freitas (PSL-SC).
Ao todo, o Brasil conta 291 casos confirmados de Sars-Cov-2, segundo o Ministério da Saúde. Os casos suspeitos somam 8.819. Em todo o mundo, a doença já matou mais de 7.500 pessoas, entre mais de 196 mil infectados.
EK/abr/ots/rtr
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