Brasil registrou cinco estupros por hora em 2015
3 de novembro de 2016O Brasil registrou 45.460 estupros em 2015, o que equivale a cinco pessoas estupradas por hora. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (03/11) na 10ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Considerando apenas os boletins de ocorrência registrados, em 2015 ocorreu um estupro a cada 11 minutos e 33 segundos no país. Do total de casos, 24% foram registrados nas capitais e no Distrito Federal.
O estado com o maior número de casos foi São Paulo, com 9.265 estupros (20,4%) – o que representa uma queda de 7,6% em relação a 2014, quando foram registrados 10.026 casos. Roraima foi o estado que registrou menos violência sexual, com um total de 180 estupros – 35,3% a menos do que no ano anterior. O estado com maior taxa de estupros foi o Acre, com 65,2 casos por 100 mil habitantes.
Subnotificação
Apesar de o número representar uma retração de 4.978 casos em relação a 2014, com queda de 9,9%, o FBSP mostrou que não é possível afirmar que realmente houve redução do número de estupros no Brasil, já que a subnotificação desse tipo de crime é extremamente alta.
"O crime de estupro é aquele que apresenta a maior taxa de subnotificação no mundo, então é difícil avaliar se houve de fato uma redução da incidência desse crime no país”, afirmou a diretora-executiva da organização, Samira Bueno.
O anuário estima que devem ter ocorrido entre 129,9 mil e 454,6 mil estupros no Brasil em 2015. O número mínimo se baseia em estudos internacionais, como o National Crime Victimization Survey (NCVS), que apontam que apenas 35% das vítimas de violência sexual costumam prestar queixa.
O número máximo, de mais de 454 mil estupros, se baseia num estudo feito em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento indicou que somente 10% dos casos de estupro eram informados às autoridades.
Segundo a diretora-executiva do FBSP, "os principais motivos apontados pelas vítimas para não reportar o crime às instituições policiais são o medo de sofrer represálias e a crença de que a polícia não poderia fazer nada ou não se empenharia no caso”.
TMS/abr/ots