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Pela segunda vez

24 de junho de 2010

Ministro brasileiro da Cultura diz que ser convidado de honra em Frankfurt é como "sediar a Copa do Mundo do livro". Depois de 1994, literatura produzida no Brasil ganha espaço na maior vitrine mundial em 2013.

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Em 2013, será a vez do Brasil na Feira de FrankfurtFoto: Frankfurter Buchmesse / Alexander Heimann

A maior feira de livros do mundo vai homenagear, pela segunda vez, a literatura brasileira. Em 2013, o Brasil será o convidado do evento de Frankfurt, vitrine internacional mais importante para os expositores.

Jürgen Boss, diretor da feira alemã, assinou em Brasília o protocolo de intenções juntamente com o ministro brasileiro da Cultura, Juca Ferreira. "Sermos um dos dois únicos países homenageados na feira por duas vezes é como sediar a Copa do Mundo do livro", disse o ministro à Deutsche Welle.

Em 1994, o Brasil foi convidado de honra da Feira em Frankfurt, o primeiro país da América Latina a ganhar espaço exclusivo. Para a edição de 2013, o Ministério brasileiro da Cultura está otimista. "Tudo aponta que teremos o reconhecimento pleno, em escala mundial, da cultura brasileira e de nossa produção intelectual, dos nossos produtos e também de nossa capacidade de gerir uma diversidade cultural muito ampla e rica", avaliou o ministro da Cultura, Juca Ferreira.

Até 2013

Serão três anos de preparação. Cassiano Machado, diretor editorial da paulista Cosac Naify, acredita que Frankfurt trará um grande estímulo para a arte brasileira que, avalia, é uma das áreas mais frágeis.

"O Brasil é um país de ponta em termos de música, a gente já tem uma tradição muito forte na arte contemporânea, nas artes plásticas. E há setores que se fortaleceram muito, como o cinema e a dança. E a literatura brasileira anda um pouco atrás disso tudo", justificou Machado.

O editor conhece a Feira do Livro desde os tempos em que trabalhava como repórter de jornal e diz que, para ambos os profissionais, Frankfurt é tida como uma grande meca das novidades editoriais.

"A lista de opções de livros para se publicar é praticamente infinita, dos mais diferentes gêneros. (...) Para que o editor resolva publicar, por exemplo, ficção brasileira contemporânea, ele precisa ter bons motivos para isso. Acho que um estímulo como esse, o fato de o Brasil ser homenageado em Frankfurt, faz com que os editores pensem nesse sentido", analisa Machado, e acrescenta que a Cosac Naify deve contribuir principalmente na área da poesia.

Na ocasião da assinatura do protocolo em Brasília, Jürgen Boss afirmou que a produção de conteúdo está em primeiro plano. E destacou que, devido à antecedência, o Brasil deve ter sucesso nesse quesito.

"Minha expectativa é de que consigamos mobilizar os escritores e produtores de conteúdo para que possam de fato ocupar a feira e assim mostrar o que de melhor temos no Brasil, o que temos de mais contemporâneo e, ao mesmo tempo, nossas tradições culturais e literárias", disse o ministro da Cultura.

Segundo Ferreira, já na cerimônia de assinatura do acordo, o envolvimento das entidades brasileiras ligadas ao universo do livro causou uma boa impressão do apoio e da articulação do setor. "Isso sinaliza o quão juntos estamos trabalhando, o setor público, o setor privado e a sociedade."

Anualmente, são lançados no mercado brasileiro aproximadamente 45 mil títulos. Em 2008, o Brasil adquiriu 178 licenças de publicações alemãs – em 2007 foram 156 –, o que ultrapassa a marca de 143 licenças do tipo adquiridas pelos Estados Unidos.

Feira de tradição

A cidade celebra a grande feira de literatura já há 61 anos: em 1949, um grupo formado por 205 alemães organizou o primeiro evento do tipo no pós-guerra. O envolvimento de Frankfurt com a literatura, no entanto, data de seis séculos atrás.

Em 2010, a Argentina é a convidada especial do evento, que acontece em outubro. Desde 1976, a organização da feira dá espaço para países apresentarem suas novidades editoriais.

Para a edição desse ano, são esperados 7 mil expositores de mais de 100 nações, que devem atrair mais do que os 290 mil visitantes da feira em 2009.

Autora: Nádia Pontes

Revisão: Roselaine Wandscheer