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Brasil sobe, mas ainda é 120º em ranking de ambiente para negócios

Clarissa Neher29 de outubro de 2014

Estudo que avalia facilidade para atuação de empreendedores coloca país muito atrás de vizinhos como Colômbia e Peru, mas aponta tendência de melhora. Entre os motivos para a colocação, o excesso de burocracia.

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Foto: picture-alliance/ dpa

O Brasil subiu três posições no ranking anual do Banco Mundial que avalia a facilidade de fazer negócios no mundo. Na edição deste ano do relatório "Doing Business", publicado nesta quarta-feira (29/10), o país está agora em 120º, uma colocação ainda alta, mas que, segundo os autores do estudo, mostra tendência de melhora.

"Apesar de o Brasil não ser um dos melhores, devido à complexidade burocrática, o país continua sendo atraente para investidores, porque é um grande mercado e com possibilidade de crescimento", afirma Rita Ramalho, autora chefe do relatório, à DW Brasil.

Entre os 189 países avaliados, os melhores ambientes para se fazer negócios estão em Cingapura, Nova Zelândia, Hong Kong, Dinamarca e Coreia do Sul. Na América Latina, os melhores colocados foram Colômbia (34), Peru (35) e México (39).

Segundo Ramalho, o principal problema brasileiro é a burocracia e o tempo elevado para a realização de determinados procedimentos. Essa demora é causada muitas vezes pela falta integração de processos nos níveis municipal, estadual e federal.

"Em outros países, como Estado Unidos e México, o processo de abertura de empresas é mais integrado, com apenas um procedimento as informações são enviadas para todos os níveis do governo, porque há uma coordenação interna. No Brasil, houve melhorias nesse aspecto, mas ainda há bastante a ser feito para integrar a comunicação, reduzindo, assim, o número de procedimentos para o empreendedor", afirma a especialista do Banco Mundial.

Lenta mudança

O "Doing Business"avalia a facilidade de fazer negócios nos países, ou seja, se o ambiente é favorável para empresas, através de indicadores que englobam aspectos práticos da criação e operação de uma firma, até uma possível falência, levando em consideração os problemas e procedimentos enfrentados por empreendedores.

A facilidade é medida por meio de indicadores como tempo, custos e exigências legais para abertura de empresa, obtenção de alvarás e crédito e solicitação de serviços públicos, além de encargos pagos anualmente. A avaliação é feita a partir de pequenas e médias empresas instaladas em cidades usadas como base para o relatório. No Brasil as escolhidas foram São Paulo e Rio de Janeiro.

Industrie-Erzeugnisse aus Brasilien
Burocracia complexa e demora para oficializar procedimentos dificultam negócio no paísFoto: AP

Ramalho afirma que o Brasil tem feito reformas em diferentes aspectos que abrangem os indicadores, no entanto, não teve um avanço expressivo com relação à sua posição no ranking porque, em outros países, as melhorias realizadas no setor foram muito mais impactantes.

"No Brasil, houve melhorias no processo de abertura de empresa, mas ainda são mudanças tímidas e pequenas para ter um impacto significativo. O país, no entanto, está indo na direção certa, mas a velocidade poderia ser mais rápida", opina Ramalho.

Entre os países do Brics, o Brasil só ficou em posição melhor do que a Índia (142), perdendo para África do Sul (43), Rússia (62) e China (90).

Simplificar para atrair

"O Brasil é a sétima maior economia do mundo, e essa posição no ranking não é compatível com seu tamanho", avalia o economista Julio Gomes de Almeida, da Unicamp.

Segundo o especialista, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, essa dificuldade de fazer negócios no Brasil não é recente e faz parte de um processo iniciado na década de 1980, quando foi se deixando de lado padrões definidos a nível internacional com relação a infraestrutura, facilidade e simplificação de regras trabalhistas e tributárias.

Almeida diz que, para melhorar sua posição no "Doing Business" e atrair mais empreendedores, o país precisa investir na infraestrutura e na simplificação da legislação tributária e trabalhista.

"Um país que tem o mercado interno que temos, se tiver uma bela infraestrutura e uma facilidade para negócios, além de reduzir incertezas, seria um dos locais com muito mais atratividade e cobiçado para investimentos estrangeiros e também internos. Isso beneficiaria a todos", opina o economista.