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Brasil tem estatísticas a seu favor para estreia

Philip Verminnen10 de junho de 2014

Seleção brasileira não perde em uma primeira partida de Mundial desde 1934. Nunca a equipe de um país-sede foi derrotada em um jogo inaugural do torneio.

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WM 2010 Spiel Brasilien Nordkorea
Foto: Getty Images

Quando a seleção brasileira entrar em campo nesta quinta-feira (12/06) para enfrentar a Croácia na partida inaugural da Copa de 2014, as estatísticas estarão a seu favor. Nunca um país anfitrião de um Mundial perdeu em sua estreia. Nem mesmo quando seleções de menor expressão como África do Sul, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e Suíça foram as organizadoras.

Já levando em conta apenas as estreias do Brasil em Copas, o desempenho não é 100%, mas o retrospecto continua sendo respeitável. Única a participar de todos os Mundiais, a seleção brasileira tem 15 vitórias, dois empates e duas derrotas nas 19 vezes que estreou.

As derrotas, porém, aconteceram justamente nas duas primeiras Copas: em 1930, contra a antiga Iugoslávia (o que causou posteriormente a eliminação brasileira na fase de grupos); e em 1934, quando a Copa começou logo no mata-mata e a derrota para a Espanha acabou sendo a única partida brasileira naquele torneio.

WM 2006 Spiel Brasilien Kroatien
Em 2006, o Brasil estreou também contra a Croácia. Vitória magra por 1 a 0, com gol de KakáFoto: Picture-Alliance/ASA

A Copa do Mundo na França, em 1938, seguiu a fórmula do Mundial anterior e teve o seu início logo nas oitavas de final – algo que nunca mais se repetiu. E logo na estreia, a seleção comandada por Leônidas da Silva precisou da prorrogação para eliminar a Polônia por 6 a 5.

Assim, tecnicamente, a seleção brasileira foi vencer um jogo de estreia, nos 90 minutos, apenas em 1950, na própria casa. A vítima foi o México. Aliás, o tricolor da América Central, que está no mesmo Grupa A dos brasileiros em 2014, é o adversário que a Seleção mais enfrentou em estreias. Foram três vezes, com incríveis 11 gols marcados e nenhum sofrido: 1950 (4 a 0), 1954 (5 a 0) e 1962 (2 a 0).

Outra coincidência que envolve o grupo brasileiro é justamente a Croácia. Não será a primeira vez que esse é o confronto de estreia das equipes em um Mundial. Em 2006, na Alemanha, um golaço de Kaká bastou para a seleção brasileira levar os três pontos. Mas se levadas em conta as duas partidas contra a Iugoslávia, o retrospecto está empatado: uma derrota em 1930, um empate sem gols em 1974 e a vitória em 2006.

A partida deste ano ameaça ser mais complicada para os brasileiros. A atual geração da Croácia é melhor do que aquela que enfrentou o time de Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e Kaká. Dois atletas estavam no elenco de 2006, mas apenas no banco de reservas: o goleiro Julio César e o atacante Fred. Já do lado croata, o goleiro Stipe Pletikosa será o único jogador em campo em ambas as ocasiões. O capitão croata na Copa da Alemanha, Niko Kovac, é hoje o técnico da seleção.

Para os supersticiosos de plantão, é importante que o Brasil leve um gol na estreia. Pois em todos os cinco títulos mundiais o Brasil sempre estreou vencendo, mas apenas nas duas únicas campanhas com 100% de aproveitamento a Seleção sofreu um gol na primeira partida: 4 a 1 na Tchecoslováquia, em 1970, e 2 a 1 na Turquia, em 2002.

WM 2002 Spiel Brasilien Türkei
A estreia contra a Turquia, em 2002, foi polêmica. Luisão sofre falta fora da área, mas o árbitro marca pênalti e Rivaldo finge ter sido agredido no rostoFoto: Getty Images

Outro dado interessante – e de fato condecorado no livro dos recordes – é o gol de César Sampaio, na estreia contra a Escócia, em 1998. Marcado aos cinco minutos de partida, em cabeçada após cobrança de escanteio, ele foi o gol mais rápido de todas as estreias de Copas do Mundo.

Mas aos que já estão mais do que confiantes com os três pontos na partida inaugural, vale mencionar quem será o árbitro da partida na Arena São Paulo: o japonês Yuichi Nishimura, que expulsou (corretamente) Felipe Melo na eliminação para a Holanda, nas quartas de final, em 2010. Júlio César, Maicon, Daniel Alves, Thiago Silva e Ramires não devem ter boas lembranças ao apertarem a mão de Nishimura antes da partida. Os cinco estavam presente no último jogo do Brasil em Copas do Mundo.

Uruguai – 1930

14.06.1930 – Iugoslávia 2 x 1 Brasil
Gols: Tirnanić (21'), Bek (30') e Preguinho (62')
Brasil venceu a Bolívia no segundo jogo, mas foi eliminada já na fase de grupos.

Itália – 1934

27.05.1934 – Brasil 1 x 3 Espanha
Gols: Iraragorri (17' pen.), Lángara (25' e 28') e Leônidas (54')
Torneio começa nas oitavas de final. Com a derrota, esta foi a única partida do Brasil na Copa de 1934.

França – 1938

05.06.1938 – Brasil 6 x 5 Polônia
Gols: Leônidas (18', 93' e 104'), Scherfke (23' pen.), Romeu (25'), Perácio (44' e 71') e Wilimowski (53', 59', 89' e 118')
Provavelmente a Copa mais curiosa do Brasil. Nas oitavas de final consegue a classificação na prorrogação. Nas quartas de final, o regulamento não previa o tempo extra, assim, após empatar com a Tchecoslováquia, foi realizado um jogo-desempate. O Brasil avançou, mas com apenas um dia de descanso, não suportou a força da Itália e perdeu por 2 a 1 na semifinal. Na disputa pelo terceiro lugar, a Seleção vira em cima da Suécia e vence por 4 a 2.

Brasil – 1950

24.06.1950 – Brasil 4 x 0 México
Gols: Ademir (30' e 79'), Jair (65') e Baltazar (71')
Há 72 anos, o Brasil organizou a Copa do Mundo e todos davam por certo que o sonhado título viria em solo nacional. Mas, depois de uma campanha invicta, todos sabem o que aconteceu. Na única Copa da história sem ter tido uma final (foi um quadrangular final), a Seleção precisava apenas de um empate na última partida contra o Uruguai. O que aconteceu ficou marcado na história como o "Maracanazo".

Suíça – 1954

16.06.1954 – Brasil 5 x 0 México
Gols: Baltazar (23'), Didi (30'), Pinga (34' e 43') e Julinho (69')
O Brasil acabou eliminado nas quartas de final contra a favorita Hungria, em um jogo que ficou conhecido como a Batalha de Berna, pois além de a partida ter sido dura, os 22 atletas entraram em uma pancadaria generalizada assim que o árbitro apitou o fim de jogo.

Suécia – 1958

08.06.1958 – Brasil 3 x 0 Áustria
Gols: Mazzola (37' e 80') e Nilton Santos (48')
Neste jogo o treinador Vicente Feola protagonizou uma das cenas mais memoráveis da Seleção em Copas. Desesperado, Feola não queria que o Nilton Santos avançasse e, aos berros, mandava o lateral voltar à defesa. Mas Nilton continuou a jogada ofensiva e marcou o gol. Feola então soltou: "Eu não disse, viram! Esse sabe jogar"!

Chile – 1962

30.05.1962 – Brasil 2 x 0 México
Gols: Zagallo (56') e Pelé (73')
Reconhecida com a Copa de Garrincha, já que Pelé havia se machucado logo na primeira partida, o Brasil se torna, ao lado da Itália, o único país a ser literalmente bicampeão mundial.

Inglaterra – 1966

12.07.1966 – Brasil 2 x 0 Bulgária
Gols: Pelé (15') e Garrincha (56')
Pelé volta a se lesionar, e o Brasil é derrotado por Portugal, de Eusébio. Foi a última vez que o Brasil foi eliminado ainda na fase de grupos em um Mundial.

México – 1970

03.06.1970 – Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia
Gols: Petras (4'), Rivelino (24'), Pelé (60') e Jairzinho (64' e 83')
O Brasil repetiu o placar da estreia na partida final contra a Itália. O vencedor daquela partida ficaria com a Taça Jules Rimet em definitivo. O Brasil recebeu tal honraria, mas a taça acabou sendo roubada anos depois no Rio de Janeiro.

Alemanha – 1974

13.06.1974 – Brasil 0 x 0 Iugoslávia
Depois de um início nada animador, a Seleção perde a vaga na final na derrota por 2 a 1 frente a Holanda. Na disputa pelo terceiro lugar faltou motivação: 1 a 0 para a Polônia.

Argentina – 1978

03.06.1978 – Brasil 1 x 1 Suécia
Gols: Sjöberg (37') e Reinaldo (45')
Até hoje a história da eliminação brasileira está mal contada. Depois de vencer a Polônia, o Brasil precisava apenas que a Argentina não vencesse o Peru por mais de cinco gols de diferença. E não é que os "hermanos" conseguiram o 6 a 0?

Espanha – 1982

14.06.1982 – Brasil 2 x 1 União Soviética
Gols: Bal (34'), Sócrates (75') e Éder (88')
O povo brasileiro gosta de se lembrar dessa Seleção. Muitos dizem que foi a melhor que o Brasil já formou. Jogava um futebol bonito, envolvente e eficiente. Mas havia um tal de Paolo Rossi no caminho...

México – 1986

01.06.1986 – Brasil 1 x 0 Espanha
Gol: Sócrates (62')
A equipe já não era mais tão brilhante como a de 1982, mas mesmo assim era forte candidata ao título. Mas ali nascia um dos maiores carrascos da Seleção em Mundiais: a França.

Itália – 1990

10.06.1990 – Brasil 2 x 1 Suécia
Gols: Careca (40' e 63') e Tomas Brolin (79')
A seleção minimalista de Sebastião Lazzaroni foi eliminada pela Argentina nas oitavas de final, depois de ter dominado o jogo inteiro. Caniggia, o "diabo loiro", mandou o Brasil para casa aos 35 minutos do segundo tempo.

Estados Unidos – 1994

20.06.1994 – Brasil 2 x 0 Rússia
Gols: Romário (26') e Raí (52' pen.)
Depois de 24 anos, o Brasil volta a ser o número um no futebol. Foi a primeira final de Copa decidida nas penalidades. E o Tetra veio, em parte, graças a Roberto Baggio.

França – 1998

10.06.1998 – Brasil 2 a 1 Escócia
Gols: César Sampaio (5'), Collins (38' pen.) e Boyd (74' g.c.)
Para quem gosta de teorias da conspiração, a Copa na França é um prato cheio. Tudo em torno da convulsão de Ronaldo e da derrota brasileira na final para os anfitriões.

Japão e Coreia do Sul – 2002

03.06.2002 – Brasil 2 x 1 Turquia
Gols: Sas (45+2'), Ronaldo (49') e Rivaldo (87' pen.)
A primeira Família Scolari: Felipão recuperou Ronaldo, segurou a pressão, não levou Romário e conquistou a primeira Copa disputada em dois países-sede.

Alemanha – 2006

13.06.2006 – Brasil 1 x 0 Croácia
Gol: Kaká (44')
Weggis: muita festa e pouco treinamento. E a geração dourada foi um fiasco, pois novamente havia uma tal de França no caminho. E o polêmico meião de Roberto Carlos.

África do Sul – 2010

15.06.2010 – Brasil 2 a 1 Coreia do Norte
Gols: Maicon (55'), Elano (72') e Ji Yun-Nam (89')
A era Dunga até que começou bem, mas em duas bolas paradas de Wesley Sneijder foi-se o sonho do Hexa. Na partida de estreia, uma cena marcante: o atacante Jong Tae-Se da seleção asiática cai aos prantos após a derrota.