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Brasileira estaria envolvida no escândalo da Volkswagen

(as/gh)4 de julho de 2005

Imprensa alemã afirma que mulher com quem ex-chefe do conselho de fábrica da Volks mantinha "relação pessoal" foi beneficiada com contrato de publicidade. Montadora nega-se a comentar o que classifica de especulações.

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Suposto desvio de dinheiro na empresa está sendo investigadoFoto: BilderBox/DW

Uma suposta amante brasileira do ex-chefe do conselho de fábrica da Volkswagen, Klaus Volkert, teria se beneficiado de "generoso" apoio da montadora por meio de um "evitável" contrato de publicidade, afirma em sua edição desta semana a revista Focus, equivalente alemã à brasileira Época. A relação entre os dois está sendo investigada por auditores internos da empresa, assegura a revista.

Volkert, que é casado, teria conhecido a brasileira Adriana B. em 1998 no Brasil. A revista diz que, posteriormente, ela teria se encontrado com o sindicalista numa casa de propriedade da montadora na cidade de Braunschweig. A Volks também teria financiado a compra de uma moradia no Brasil para a suposta amante, que vive em São Paulo.

Viagens pagas pela Volkswagen

Der VW-Betriebsratsvorsitzende Klaus Volkert
Ex-presidente do conselho de fábrica da Volkswagen, Klaus VolkertFoto: AP

Ainda segundo a Focus, ela teria acompanhado Volkert em viagens pelo exterior e, no início de junho, teria se hospedado com ele num hotel cinco estrelas em Lisboa. A Der Spiegel, maior revista semanal da Alemanha, publica que a brasileira teria viajado várias vezes para a Alemanha na primeira classe, com custos pagos pela Volks.

A Focus afirma que na cidade de Gifhorn, no Estado da Baixa Saxônia, há uma conta corrente em nome da brasileira, na qual a Volkswagen teria depositado 23.008 euros por trimestre. A quantia foi confirmada à revista pela brasileira, que negou ter um caso com o ex-chefe do conselho de fábrica. Ela disse ter trabalhado para a empresa produzindo vídeos publicitários. O mais recente teria sido um comercial para a Volkswagen do Chile.

Os auditores internos da Volkswagen querem agora descobrir quem mais sabia do caso. A Focus afirma que as contas da mulher foram pagas por um alto funcionário da montadora, que teria sido demitido nas últimas semanas. Segundo o semanário Wirtschaftswoche, até 70 pessoas estariam supostamente envolvida no caso.

O porta-voz da Volkswagen Thomas Mickeleit disse à DW-WORLD que "tudo o que está sendo divulgado pelos meios de comunicação são especulações, e nossa posição é não comentar especulações. Não posso confirmar nem desmentir aspectos isolados, porque isso teria conseqüências para a investigação independente que está sendo feita".

Ministério Público investiga empresas

Skoda Logo
Logotipo da montadora tcheca Skoda, controlada pela VolksFoto: AP

Volkert se afastou na semana passada da chefia do conselho de fábrica da Volkswagen em meio a suspeitas de desvio de dinheiro. Ele está sendo acusado de participar de um suposto esquema comandado pelo ex-diretor de Recursos Humanos da Skoda, Helmut Schuster. Por meio do esquema, empresas fornecedoras controladas indiretamente por Schuster teriam se beneficiado de contratos lucrativos com a Skoda.

Segundo a Promotoria Pública de Braunschweig, estão sendo investigadas empresas que mantinham relações com Schuster. Há denúncias de que dinheiro da Volkswagen ou da Skoda teria sido transferido para essas empresas ou para contas privadas. "Provavelmente mais de uma empresa está envolvida", afirmou o assessor de imprensa do Ministério Público, Klaus Ziehe.

A Volkswagen também contratou a empresa de auditoria independente KPMG para averiguar as denúncias. O trabalho dos auditores começou nesta segunda-feira (04/07).

Sem atestado de inocência para Hartz

O governador da Baixa Saxônia, Christian Wulff (CDU), defendeu, em entrevista à televisão alemã, que as acusações sejam totalmente apuradas. Ele disse esperar que o suposto envolvimento do diretor de Recursos Humanos da Volkswagen, Peter Hartz, também seja investigado. "Não devem ser dados atestados de inocência para Peter Hartz ou para quem quer que seja", afirmou. Hartz é um dos principais executivos alemães e colaborador do governo do chanceler Gerhard Schröder (SPD).

O governo da Baixa Saxônia detém 18,2% das ações da Volks, mas a chamada Lei VW garante que ninguém pode agir contra o Estado na empresa.

Volkswagen-Manager Peter Hartz
Diretor de Recursos Humanos da Volkswagen, Peter HartzFoto: AP

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos (IG-Metall) e membro do conselho diretor da Volkswagen, Jürgen Peters, disse que devem ser evitados prejulgamentos no escândalo de corrupção. Segundo ele, há apenas especulações na imprensa. Ele elogiou a decisão da montadora de contratar uma auditoria externa para tratar do caso.

Peters criticou Wulff. "Se o senhor Wullf dispõe de informações que justificam uma acusação a um membro da diretoria, então é seu dever apresentá-las numa reunião extraordinária do conselho fiscal." Para ele, fica a impressão de que Wulff deseja desacreditar o modelo alemão de participação dos trabalhadores na gestão empresarial.

Fábrica na Índia adiada

O escândalo já estaria tendo conseqüências para os planos de expansão da Volkswagen no exterior. Segundo os jornais Tagesspiegel e Handelsblatt, o presidente da montadora, Bernd Pischetsrieder, teria adiado o início da construção de uma fábrica na Índia. Também o projeto de construção de uma linha de montagem em Angola teria sido suspenso. A Volkswagen não confirmou as informações.