Brasileiros abrem festival "Teatro do Mundo"
17 de junho de 2002Uma produção brasileira abre o 9º festival Theater der Welt (Teatro do Mundo), a realizar-se de 21 a 30 de junho, nas cidades de Bonn, Colônia, Düsseldorf e Duisburg. Trata-se de Apocalipse 1,11, do grupo Teatro da Vertigem, sob a direção de Antônio Araújo.
O espetáculo, que poderá ser assistido na penitenciária de Köln-Ossendorf, traça um paralelo entre o Apocalipse de São João e a miséria, violência e corrupção da São Paulo contemporânea. Ele se inspira em dois exemplos do horror quotidiano das metrópoles brasileiras: a incineração, em plena rua, de um índio por jovens de classe média (ocorrida em Brasília) e o massacre de 111 presos no presidio de Carandiru, em São Paulo.
Theater der Welt
reunirá 40 estréias, num total de 160 récitas em dez dias, como anunciaram o diretor artístico do evento, Manfred Beilharz, e o responsável pela programação, Matthias Lilienthal. Também estão sendo esperados com ansiedade o grupo argentino El Periférico de Objectos, apresentando Apocrifo 1: El Suicido, e o Édipo Rei lituano de Oskaro Korsunovo.A Societas Raffaello Sanzio, de Cesena, Itália, lança em Bucchettino, uma concepção insólita, mais para arte acústica do que cênica: o público ouvirá, deitado em camas e coberto, a leitura do clássico infantil O Pequeno Polegar.
Estático, porém fortemente visual, é The Empire of Things, de Alexandr Petlura. Ele apresenta cenas do dia-a-dia da União Soviética como um show de moda, em quadros vivos e composições estilizadas. Cenários e figurinos são formados por objetos que Petlura coletou durante 25 anos nos sótãos e lixeiras da capital russa.
O suíço Hans-Peter Litscher também extrapola os limites do palco com seu Potemkinschen Dörfern (Aldeias de Potemkin), que será encenada numa barcaça sobre o rio Reno, entre Bonn e Duisburg.
Reunindo participantes vindos de Toronto, Teerã, Varsóvia ou Lyon, o festival inclui ainda uma série de instalações e debates. Programada no último momento, a satírica e provocadora intervenção Aktion 18 anuncia-se como parte da campanha eleitoral do Partido Liberal (FDP). Seu diretor é o "populista de pára-quedas" Christoph Schlingensief, auto-intitulado "o Kennedy alemão".