Brasileiros em Berlim protestam em defesa da democracia
9 de janeiro de 2023O ataque golpista à Praça dos Três Poderes, em Brasília, repercutiu também entre membros da comunidade brasileira na Alemanha. Indignadas com osatos antidemocráticos perpetrados por apoiadores extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro, cerca de 50 pessoas se reuniram nesta segunda-feira (09/01) em frente à embaixada brasileira em Berlim.
"O nosso protesto é pela garantia da soberania do Estado brasileiro, pela defesa da democracia e pela sustentabilidade do governo Lula, que foi eleito pelo povo", disse Sandra Bello, que vive na Alemanha desde 1996 e organizou a manifestação através das redes sociais. "A eleição foi legítima e tem que ser respeitada."
O protesto, que ocorre no mesmo dia em que estão programadas manifestações pró-democracia no Brasil, foi acompanhado de perto pelas forças de segurança alemãs. Só nas imediações da embaixada foram contadas cinco viaturas da polícia.
Voz aos manifestantes
Durante cerca de duas horas, os participantes foram incentivados a se manifestar livre e individualmente através de um microfone, posicionado ao lado de uma bandeira do Brasil. Cibelle Cavalli Bastos, artista e pessoa não binária, foi uma das que se pronunciou.
"Tudo que aconteceu ontem era sabido. A quantidade de print, de grupinho de Telegram, de Whatsapp, que eu vi, falando 'É guerra, é dia tal.' Eu fiz uma conta fake de direita para ver o que eles estão fazendo. E é isso que estava acontecendo há muito tempo. Dava para ter evitado", avalia.
"Acham bomba de um cara que está no acampamento em Brasília e não desmantelam o acampamento. Está muito claro que isso era feito. Tem muita prova pública", continua Cibelle. "Anistia não. Isso era sabido. As pessoas responsáveis têm que ir para a cadeia. Quem pagou para isso acontecer, tem que ser encontrado", insiste.
Nilda Bezerra, outra ativista de esquerda presente na manifestação, disse que, após a vitória de Lula no segundo turno das eleições, chegou a achar que se aposentaria da militância. "Mas a serpente está aí, ela está viva e enorme. A gente tem que combater esse fascismo no Brasil", defende.
Bolsonarismo para além de Bolsonaro
"Nós sabíamos muito bem que uma vitória institucional do Lula não encerraria o fascismo no Brasil, não acabaria com o bolsonarismo, porque o bolsonarismo vai muito além da figura do Bolsonaro", disse Lucas Reinehr, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e voluntário na Fundação Rosa Luxemburgo, vinculada ao partido alemão A Esquerda em Berlim.
"[Temos que] não só colocar o Bolsonaro no passado, mas o bolsonarismo como força política, como ideologia, que é o que sustenta essa sociedade extremamente desigual, marcada pelo racismo, pelo machismo, pela LGBTfobia e tantas outras opressões. Então, mais do que nunca, paz entre nós, guerra aos senhores."