Burocratas brasileiros vencem Gana e vão às quartas-de-final
27 de junho de 2006A seleção brasileira precisou de pouco esforço e apenas meia dúzia de chances de gol para marcar três – um de impedimento –, eliminar Gana, se classificar para as quartas-de-final da Copa 2006 e estabelecer três novos recordes nesta terça-feira (27/06), em Dortmund.
Ronaldo, com 15 gols em três Copas (1998, 2992 e 2006. Ele não jogou em 1994), é o maior artilheiro da história do torneio, superando o alemão Gerd Müller, que marcou 14 vezes em dois Mundiais (1970 e 1974). O Brasil é o primeiro país do mundo a marcar mais de 200 gols (agora 201) em Copas. E Cafu é o recordista brasileiro em vestir a camsa canarinho nestes torneios (19 vezes).
O primeiro tempo foi bastante "amarelo", com dois gols brasileiros e seis cartões amarelos, mas sem o esperado futebol criativo e empolgante da equipe canarinho. Logo aos cinco minutos, Kaká deu um passe genial em profundidade para Ronaldo, que avançou livre, driblou o goleiro Kingson e abriu o placar.
Em estado de êxtase com os recordes alcançados, na seqüência, os "burocratas" de Parreira fizeram uma pausa, diminuíram o ritmo e deixaram Gana avançar cada vez mais ao ataque.
Resultado, nos 30 minutos seguintes, a equipe africana chutou nove vezes ao gol guarnecido por Dida; o Brasil testou apenas três vezes o inseguro Kingson. Aos 42 minutos, Gana quase empatou, mas Dida defendeu com a perna direita, na base da sorte, uma cabeceada de Mensah para o chão.
Aos 46 minutos, então, Lúcio, visivelmente irritado com a letargia do meio-campo e do quadrado mágico, pegou a bola na zaga, arrancou pelo meio e lançou Cafu na ponta direita. O lateral cruzou para Adriano, que estava impedido, mas marcou de joelho: 2 a 0. Falha crassa da arbitragem.
A caminho do intervalo, o árbitro Michel Lubos teve de ouvir os xingamentos do técnico de Gana, Ratomir Dujkovic, que foi mandado para as tribunas, mas preferiu assistir ao segundo tempo nos vestiários.
Para a etapa final, Parreira trouxe Gilberto Silva para o lugar de Emerson, que andou sumido em campo na primeira etapa; depois Juninho Pernambucano para Adriano; e quase no final da partida, Ricardinho no lugar de Kaká. O 'quadrado mágico' mais uma vez não funcionou, mas a seleção fez o que pode para converter os presentes da zaga de Gana em gols.
Gana começou os 45 minutos finais pressionando o Brasil, correndo atrás do prejuízo, enquanto o Brasil, como era de se esperar, passou a administrar o resultado, aguardando apenas chances de contra-ataque. Uma tática que não demorou para arrancar vaias de torcida, que esperava ansiosamente pelo futebol-arte, mostrado de leve contra o Japão.
Aos 12 minutos, os 65 mil torcedores ainda tiveram uma esperança: Ronaldinho deu belo passe para Roberto Carlos na área. O lateral-esquerdo chutou forte, mas Kingson defendeu com os pés. Foi a primeira e única boa jogada do Brasil pela esquerda no jogo.
A partir dos 36 minutos, a equipe de Gana, já exausta, passou a jogar com apenas dez, depois que Gyan foi expulso por ter chutado a bola para longe quando o árbitro já havia parado o jogo.
Três minutos depois, em mais uma falha feia da zaga ganense, Zé Roberto aceitou o presente e tocou na saída do goleiro, completando um placar exagerado levando-se em conta o que a seleção de Parreira mostrou em campo. O Brasil ganha, mas não conquista o coração da torcida.
BRASIL 3 x 0 GANA
Brasil
Dida - Cafú, Lúcio, Juan, Roberto Carlos; Kaká (Ricardinho), Emerson (Gilberto Silva), Zé Roberto, Ronaldinho; Ronaldo, Adriano (Juninho).
Técnico: Carlos Alberto Parreira
Gana
Pantsil, Mensah, Shilla, Pappoe; Eric Addo (Boateng), Appiah, Muntari, Draman; Amoah (Tachie-Mensah), Gyan.
Técnico: Ratomir Dujkovic
Data: 27/06/2006 (Terça-feira)
Local: Westfalenstadion, em Dortmund
Horário: 17h (12h de Brasília)
Árbitro: Michel Lubos (Eslováquia)
Assistentes: Martin Balko e Roman Slysko (ambos eslovacos)
Cartões amarelos: Adriano (B), Juan(B), Appiah(G), Muntari(G), Paintsil(G), Eric Addo(G)
Expulsão: Gyan
Gols: Ronaldo (B), aos 5min do primeiro tempo; Adriano, aos 46min do primeiro tempo; Zé Roberto, aos 39min do segundo tempo.