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CriminalidadeBrasil

Cônsul alemão no Rio é preso sob suspeita de morte do marido

7 de agosto de 2022

Uwe Herbert Hahn afirmou que seu companheiro estava enfrentando transtornos mentais e que caiu sozinho com o rosto no chão. Perícia encontrou sinas de crime violento.

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Fachada de um prédio
Perícia no apartamento do casal encontrou marcas de sangueFoto: Andre Borges/AFP

O cônsul alemão Uwe Herbert Hahn, lotado no Consulado da Alemanha no Rio de Janeiro, preso na noite de sábado (06/08) por suspeita de envolvimento na morte do marido, o belga Walter Henri Maximillen Biot, afirmou à Polícia Civil neste domingo que seu companheiro estava enfrentando transtornos mentais e que caiu sozinho com o rosto no chão.

Os dois eram casados há 23 anos e viviam em uma cobertura no bairro de Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Na noite de sexta-feira, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado para socorrer Biot, mas ele já estava morto.

O corpo foi enviado ao Instituo Médico Legal (IML) para perícia, que constatou manchas roxas, escoriações e ferimentos em diversas regiões do corpo, incluindo rosto, tronco, braços, mãos, ânus e pernas.

No sábado, Hahn foi ouvido novamente pela polícia e preso temporariamente por suspeita de homicídio.

O que a Polícia Civil afirma

A delegada Camila Lourenço, a 14ª Delegacia de Polícia, no Lebon, responsável pelo caso, afirmou à GloboNews que a morte de Biot foi causada por traumatismo craniano na região da nuca e que as lesões em seu corpo não eram recentes. "O laudo aponta diversas equimoses, inclusive na área do tórax, que seria compatível com pisadura. Lesões compatíveis com agressão por instrumento cilíndrico", disse.

"O corpo fala as circunstâncias de sua morte. Há diversas evidências de que houve uma morte violenta. Há marcas de pisadura no tórax, golpes de instrumento cilíndrico no tórax, ele foi golpeado, foi agredido. A versão de que ele teria caído de rosto para o chão não se sustenta", afirmou a delegada, de acordo com o jornal O Dia.

A prisão foi corroborada por perícia feita no apartamento do casal, que encontrou cenário suspeito de morte violenta. O apartamento havia sido recém-limpo. Segundo uma secretária do cônsul, a limpeza havia sido feita pois um cachorro estaria lambendo poças de sangue. Com uso de luminol, os peritos detectaram manchas de sangue em uma poltrona, que também teria sido recém-lavada. "Na perícia local, diversas evidências reforçam que houve um homicídio, sim", afirmou Lourenço, segundo o portal G1.

O que Hahn afirma

Em depoimento à Polícia Civil neste domingo, Hahn afirmou que seu marido teve um "surto" e bateu a cabeça após cair sozinho.

Ele disse que o casal se mudaria em breve para o Haiti, em razão de seu trabalho diplomático, e que há cerca de um mês Biot ficou angustiado com a mudança e começou a beber de forma excessiva e a tomar remédios de forma descontrolada. 

Segundo o alemão, o comportamento de seu companheiro alterou-se nesse período, e ele passou a dormir demais, acordar gritando durante a madrugada, ter pesadelos frequentes e tropeçar em móveis.

Ele afirmou que, na madrugada de sexta-feira, Biot teve uma diarreia e sujou todo o imóvel. De manhã, Hahn disse ter ouvido seu marido gritando palavras desconexas no banheiro e o encontrou tremendo e com os olhos arregalados, como se estivesse em um "surto". Segundo o alemão, após ajudá-lo a se vestir e tomar um champanhe com ele, Biot teria ido dormir.

Por volta das 17h de sexta-feira, Hahn disse ter acordado seu marido para que ele se alimentasse e retornou à sala. Em seguida, segundo o alemão, Biot começou a gritar e correu em direção ao terraço, quando tropeçou e caiu com o rosto no chão, onde permaneceu gemendo.

O alemão disse que, ao tentar levantar o marido, viu uma mancha de sangue próxima à sua cabeça, ficou "desesperado" e pediu ajuda ao porteiro, que chamou o Samu. Quando os socorristas chegaram ao local, porém, ele já estava morto.

A defesa de Hahn entrou com um habeas corpus, argumentando que não houve flagrante e que sua imunidade diplomática teria sido desrespeitada, mas a juíza plantonista decidiu que a análise do pedido deveria ser feita durante a audiência de custódia.

A embaixada da Alemanha no Brasil e o consulado-geral no Rio informaram ao portal UOL que não vão se pronunciar e que aguardam o fim das investigações.

le/bl (ots)