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Cúpula discute a integração de 15 milhões de estrangeiros

(mr)14 de julho de 2006

Governo federal convoca 80 pessoas, entre políticos e representantes de comunidades étnicas, para debater as diretrizes de um plano nacional que promova a inclusão de imigrantes e seus descendentes na sociedade alemã.

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Angela Merkel discute integração com representantes de várias nacionalidadesFoto: AP

A convite da chanceler federal Angela Merkel, representantes de associações de estrangeiros que vivem na Alemanha se reuniram nesta sexta-feira (14/07), em Berlim, com representantes das Igrejas e dos setores político e econômico alemães, na chamada Cúpula de Integração.

Mais de 80 pessoas – porta-vozes de comunidades religiosas e trabalhistas, do setor econômico, autoridades estaduais e municipais – discutiram as diretrizes a serem tomadas para promover a integração efetiva de cerca de 15 milhões de estrangeiros na sociedade alemã.

A iniciativa é a primeira desta natureza na história do país e reúne tanto políticos quanto especialistas e representantes civis numa discussão que diz respeito a toda a sociedade alemã.

Menores conhecimentos da língua, menores chances de educação

O secretário-geral do Partido Social Democrata (SPD), Hubert Heil, afirma que um dos problemas-chave da questão é o fato de os estrangeiros terem, em geral, menores chances de educação.

Integration der islamischen Welt
Educação é fundamental para promover integração social e econômicaFoto: dpa

"Isso tem a ver com a insuficiência no conhecimento da língua, fazendo com que 18% dos estrangeiros não concluam sua vida escolar. A taxa daqueles que levam o estudo adiante depois da escola é de 25%, enquanto, entre os alemães, o índice é de mais de 60%", afirma Heil.

O ministro do Interior, Wolfgang Schäuble, disse acreditar na importância da cúpula. O governo utilizará as contribuições feitas no encontro para melhorar o déficit de investimentos destinados aos imigrantes, acumulado nos últimos anos.

Democratas-cristãos a favor de leis mais rigorosas

A União Social Cristã (CSU) é a favor de penalização aos estrangeiros que se recusarem a colaborar com o projeto de integração. Em entrevista ao jornal Neue Presse, de Hannover, o secretário do Interior da Baviera, Günther Beckstein, afirmou que "conhecimentos da língua alemã devem ser requisito para homens e mulheres que pretendem se mudar para o país, a fim de se unir a suas esposas ou a seus maridos."

Beckstein defendeu também que "quem for solteiro, perder o emprego e não freqüentar cursos de integração deverá deixar o país" e propõe mudanças nas leis de permanência na Alemanha.

Türken in Deutschland Frauen mit Kopftuch
São 15 milhões de estrangeiros na Alemanha, a maioria é de turcosFoto: AP

Já a responsável por questões de integração do governo federal, Maria Böhmer, é mais cautelosa quanto às medidas a serem tomadas em relação aos estrangeiros que não se esforçam para se integrar à sociedade. "É claro que daremos incentivos e faremos exigências, mas de forma equilibrada. Já existem sanções programadas em certas situações, como o caso do estrangeiro cujo seguro desemprego é reduzido, se recusar um emprego sob pretexto de não dominar a língua", disse a política da CDU.

"Muito precisa mudar ainda legalmente. A cooperação entre as autoridades para estrangeiros e a agência do trabalho é mais do que necessária", completa. Böhmer reagiu com reservas às exigências da CSU de que as leis deveriam ser mais severas.

Ela disse acreditar que um dos pontos fundamentais da discussão é garantir que os filhos de famílias imigrantes assistam às aulas em conjunto com os demais alunos. "Ainda existem pais que não permitem que seus filhos freqüentem aulas de biologia ou educação física, e isso precisa mudar, para que esses meninos e meninas tenham o mesmo acesso à educação completa, o que é de extrema importância para uma integração efetiva", afirmou Maria Böhmer.

Plano Nacional previsto para 2007

Türkische Frauen beim Einkauf
Plano de integração nacional está previsto para 2007Foto: dpa

A comunidade turca na Alemanha classificou o encontro da cúpula como "histórico". "É um dia muito importante para nós, pois é a primeira vez que temos a oportunidade de discutir com forças de liderança política de igual para igual", disse o representante Kenan Kolat. Os turcos formam a maior comunidade estrangeira na Alemanha e vêem o encontro como um sinal de que "o país está convocando os imigrantes para pensar um futuro conjunto".

Com o resultado das discussões, será desenvolvido um "plano nacional de integração", que deve sair em 2007, com considerações sobre seis problemas centrais: formação de cursos de integração; incentivo ao ensino precoce da língua alemã; mais chances no mercado de trabalho através da educação e formação profissional; melhorias na situação de mulheres e meninas com a equiparação dos sexos; integração dentro da comunidade; assim como fortalecimento da cidadania com o apoio da vizinhança.