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Cúpula em Cochabamba

20 de abril de 2010

Em busca de consenso com vista à Cúpula do Clima de Cancún, no final do ano, presidente boliviano, Evo Morales, abre cúpula alternativa do clima em Cochabamba com participação de mais de cem países.

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Indígenas a caminho da conferência na BolíviaFoto: AP

Cerca de 20 mil pessoas de 129 países participam da primeira Cúpula Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe-Terra, que se realiza de 20 a 22 de abril em Cochabamba, informou o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca.

O ministro informou que a cúpula deverá contar com a presença de alguns presidentes e de delegações oficiais, entre outros, do Brasil, Equador, França, México, Reino Unido, Rússia, como também de representantes de organizações internacionais como ONU, FAO e Unesco.

"Tribunal de Justiça Climática"

Entre os objetivos dessa espécie de cúpula alternativa do clima convocada pelo presidente boliviano, Evo Morales, está a criação de um "Tribunal de Justiça do Clima".

Segundo Pablo Groux, membro do comitê organizador da cúpula, a Bolívia pretende criar junto com as Nações Unidas um tribunal para julgar e sancionar países desenvolvidos que não cumpram seus compromissos de redução de emissões de gases nocivos ao meio ambiente.

A criação do tribunal é só um dos 17 temas que serão analisados em Cochabamba. As mesas de debates irão discutir pontos como causas estruturais, harmonia com a natureza, direitos da "mãe-terra", os chamados "migrantes climáticos". Além disso, a cúpula propõe ocupar-se, entre outros temas, da "dívida climática", do Protocolo de Kyoto e da agricultura e soberania alimentar.

Resposta a Copenhague

Segundo Martin Kaiser, especialista em clima do Greenpeace da Alemanha, o evento é uma resposta ao fracasso da Cúpula Mundial do Clima em Copenhague.

"Em Copenhague, alguns dos países mais poderosos quiseram estabelecer um pacto que ia contra os interesses de muitos outros e os presidentes convidados por Morales à cupula de Cochabamba estão entre aqueles que se recusaram a assinar o acordo", explicou o especialista alemão.

Kaiser lembrou ainda que os Estados Unidos decidiram negar ajuda de proteção ambiental àqueles países que, como a Bolívia, não assinaram o acordo de Copenhague. "Por outro lado", acresce Kaiser, "um Estado como a Venezuela, que depende economicamente da exportação de petróleo, defende interesses bastante distintos da proteção ao meio ambiente"

Antigos aliados

Em Cochabamba, os debates funcionarão em 17 mesas. Segundo a agência de notícias DPA, o próprio governo de Evo Morales se recusou a habilitar a "mesa 18", para evitar que se discuta sobre a contaminação e outros danos ambientais provocados pelas empresas de mineração nos povoados bolivianos de Corocoro, Liquimuni, San Cristóbal, La Joya e nos rios Lauca e Poopó. A acusação foi feita pela organização indígena Conamaq, antiga aliada de Evo Morales.

Na conferência em Cochabamba, o ministro do Exterior boliviano não confirmou a presença de alguns governantes convidados, como Hugo Chávez, da Venezuela, Rafael Correa, do Equador, Fernando Lugo, do Paraguai, e Daniel Ortega, da Nicarágua.

Autor: Evan Romero-Castillo/Carlos Albuqueque

Revisão: Simone Lopes