Cúpula entre UE e Turquia foca crise migratória
29 de novembro de 2015Líderes da União Europeia (UE) e da Turquia se reúnem neste domingo (29/11) em Bruxelas, com o governo em Ancara na expectativa de impulsionar a adesão turca ao bloco europeu e de obter um auxílio financeiro de 3 bilhões de euros em troca de ajuda para conter o fluxo de refugiados que tenta chegar à Europa.
O encontro vai ocorrer num contexto de tensão internacional, poucos dias depois de a Turquia derrubar um caça russo perto da fronteira com a Síria. O imbróglio diplomático e a decisão do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de não participar da reunião em Bruxelas poderão complicar ainda mais uma relação que já é considerada difícil.
Erdogan será representado pelo primeiro-ministro Ahmet Davutoglu, que deverá garantir a abertura de um novo capítulo nas paralisadas negociações de adesão da Turquia ao bloco europeu. Há ainda a expectativa de que a União Europeia conceda um pacote de ajuda no valor de 3 bilhões de euros, mas em troca de algumas condições.
No convite aos líderes, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que a cúpula "marcará um importante passo no desenvolvimento das nossas relações e contribuirá para a gestão da crise migratória". A reunião está confirmada mesmo com o alerta de terrorismo em Bruxelas.
Por conta da guerra civil na Síria, cerca de 850 mil refugiados entraram este ano na União Europeia e mais de 3.500 morreram ou desapareceram, no que se tornou a pior crise de refugiados da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A Turquia recebeu mais de 2 milhões de refugiados e é a principal porta de entrada para as pessoas que tentam chegar à Europa através de uma curta travessia marítima para as ilhas da Grécia.
Assim, os líderes da União Europeia pressionam a Turquia para que faça mais para conter o fluxo migratório. A Turquia, porém, exige ajuda financeira, facilidades na concessão de vistos para turcos que querem viajar à Europa e a aceleração do seu processo de adesão ao bloco europeu.
As relações entre a UE e a Turquia são prejudicadas pelo regime cada vez mais autocrático de Erdogan, com denúncias de violações de direitos humanos e de cerceamento da liberdade de imprensa.
FC/afp/efe/lusa