Cúpula do G8 no Japão
6 de julho de 2008Quando, na segunda-feira (07/07), começar em Toyako a cúpula do G8, Bernd Pfaffenbach já terá realizado grande parte de suas tarefas. O vice-ministro alemão da Economia, 62 anos, é o assessor de Angela Merkel para questões relacionadas ao G8 e faz parte desde 2004 do grupo de chamados "sherpas", os negociadores oficiais dos oito países que compõem o grupo. A palavra "sherpa" provém do idioma nepalês e designa originalmente os guias locais que acompanham os escaladores do Himalaia.
A Deutsche Welle conversou com Pfaffenbach a respeito da conferência na ilha japonesa de Hokkaido.
Deutsche Welle: A pauta de uma cúpula nunca incluiu tantos temas como no caso desta que se inicia na segunda-feira. Qual assunto se sobressai, em sua opinião?
Bernd Pfaffenbach: As cúpulas do G8 sempre se destacam pela grande variedade de temas. A arte consiste em estruturar os tópicos de forma que seja possível lidar com eles. Mas acho que as mudanças climáticas serão um tema muito forte desta cúpula. Nós, os alemães, estamos muito satisfeitos com a pauta da conferência porque ela reflete muito, retoma e dá continuidade à nossa agenda da cúpula do ano passado, em Heiligendamm.
Como o senhor disse, as mudanças climáticas foram um grande tema em Heiligendamm. Agora os anfitriões japoneses já abafaram um pouco as expectativas. Acredita que poderá haver um retrocesso em relação à declaração de Heiligendamm?
Não acredito, não. Isso também não nos agradaria. Não acho que os japoneses possam querer ter ambições tão modestas que levem a um retrocesso em comparação com Heiligendamm. Claro que as negociações serão difíceis. Mas nós já preparamos tudo relativamente bem. Afinal, dependerá da habilidade dos chefes de governo e de Estado inserir os chamados países emergentes neste processo.
Nossa posição é que o G8 demonstre uma certa liderança nesta questão. Quer dizer, é preciso respeitar aquilo que acertamos em Heiligendamm: que exista uma responsabilidade conjunta, mas também diferenciada, de todo o mundo; que nós, como grandes nações industrializadas, precisamos fazer muito mais do que os países em desenvolvimento, no curto e no médio prazo.
O preço do petróleo, que bate um recorde após o outro, será um grande tema. Já foi assim na cúpula de 2004. Naquela ocasião combinou-se, por iniciativa dos alemães, introduzir transparência na questão. Pouca coisa aconteceu desde então. Ao que parece, o G8 não consegue frear o preço do petróleo?
Claro que é sempre muito difícil mudar o preço do petroleo apertando um simples botão. Ninguém pode estar interessado, nem os países produtores de petróleo, no colapso dos países industrializados, no infarto de seu crescimento. Por isso é muito bom que os recursos deles, as receitas das vendas de petróleo, sejam investidos em nossos países. Para que esse dinheiro entre de novo em circulação, contribuindo para a convergência dos interesses.
Tampouco conseguimos reverter os preços dos gêneros alimentícios. Este assunto é novo na pauta. Os países do G8 talvez não sejam tão afetados neste caso, mas sim os países mais pobres. Que sinais o G8 pode emitir?
No curto prazo, trata-se de disponibilizar dinheiro para os mais pobres. A Alemanha já previu para este ano mais de meio bilhão de euros para ajudas no setor de alimentos. Mas em último caso trata-se de tomar medidas contra as causas estruturais. E, no tocante às causas estruturais, trata-se especialmente de reduzir, nos países em desenvolvimento, a dependência de fornecimentos dos países industrializados. Isto pode se dar através do reforço das estruturas rurais naquelas regiões. Isto é o que nós todos queremos fazer; o documento final da cúpula contém planos muito concretos a esse respeito.