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Camada de ozônio diminui sobre Europa

gh5 de março de 2005

Pesquisadores alemães alertam que perda rápida de ozônio no Ártico atinge também o continente europeu. "Ciclone polar" pode chegar à Alemanha. Avião de pesquisa da Rússia mede gases na estratosfera.

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Destruição do "protetor solar natural" preocupa cientistasFoto: AP

Um fenômeno alarmante, que começou a ser observado no rigoroso inverno de 1999/2000, volta a preocupar os climatologistas neste início de ano: a rápida perda de ozônio no Ártico (extremo Norte da Terra), que começa a se alastrar sobre o continente europeu.

"A cada dia que passa, temos menos ozônio", afirmou o físico alemão Markus Rex, do Instituto Alfred Wegener para Pesquisa Polar e Oceânica (AWI), em entrevista à revista Der Spiegel, nesta sexta-feira (04/03). Rex coordena o projeto Scout-03, da União Européia, encarregado de pesquisar a perda de ozônio no Ártico.

A camada de ozônio (O3) encontra-se na estratosfera, a uma altura entre 15 a 30 quilômetros acima da superfície da Terra, e funciona como um protetor solar, bloqueando os perigosos raios ultravioleta, que podem provocar câncer.

Segundo Rex, no Ártico, essa camada já perdeu 40% de sua substância. Devido às atuais condições químicas e meteorológicas, os pesquisadores temem que, nas próximas semanas, essa destruição atinja dimensões nunca vistas antes.

Buraco de ozônio sobre a Europa?

Darstellung des Ozonlochs mit Hilfe des Total Ozone Mapping Spectrometers (TOMS) Klimaschutz Klima Erde Treibhausgas
Buraco na camada de ozônio sobre a AntártidaFoto: AP

"É bem provável que a perda de ozônio desta vez atinja ou até supere os níveis registrados no inverno recorde de 1999/2000", disse o diretor científico do Scout-03, Neil Harris. Apesar das perdas dramáticas, os responsáveis pelo Scout-03 evitam falar de um buraco na camada de ozônio sobre a Europa, como o que existe sobre a Antártida.

Segundo Harris, no inverno de 1999/2000, houve uma perda de 60 a 70% do ozônio a cerca de 20 km da superfície terrestre, onde a densidade da camada é maior. "E isso ameaça se repetir", diz. Ele recomenda o uso de protetor solar artificial, sobretudo para quem – como os esquiadores - se expõe ao sol nas montanhas. A intensidade com que os raios ultravioleta chegam ao solo depende das condições climáticas e da altitude em relação ao mar.

A atual perda de ozônio no Ártico é atribuída, principalmente, a uma área de baixa pressão na estratosfera. É o que os meteorologistas chamam de "ciclone polar" ou "vortex", que gira em torno do pólo norte no inverno europeu e pode atingir um diâmetro médio de oito mil quilômetros.

"Ciclone polar" sobre a Alemanha

Ski Nordisch in Oberstdorf
Sobretudo esquiadores devem usar protetor solar, por causa da perda de ozônio na estratosferaFoto: AP

Normalmente, o megaciclone polar cobre a região terrestre situada ao norte da latitude de 68º a 70º. Mas freqüentemente se alastra também até a Europa Central. Em fevereiro, suas bordas chegaram a ser observadas sobre Viena, na Áustria.

Segundo Harris, neste final de semana, as previsões indicam que boa parte do ciclone polar cobrirá também a Alemanha. No momento, no entanto, as correntes árticas que chegam ao continente europeu ainda são ricas em ozônio. "Mas se o vortex persistir sobre a Europa ou retornar em breve, a situação muda. Março é o mês em que ocorre a perda mais rápida de ozônio", diz.

O quadro só muda, quando a corrente polar é banida por massas de ar quente, o que em outros anos já ocorreu em janeiro ou fevereiro. O atual "vortex ártico" já dura três meses, com temperaturas de 80 graus negativos. Esse frio extremo libera o cloro e o bromo, componentes dos gases fluorados e halogênios, que destroem o ozônio.

Rex e seus colegas esperam ansiosamente a próxima segunda-feira (07/03). "Daí teremos a oportunidade de ver de perto o maior ciclone polar já observado no Ártico", diz o cientista Heinz Finkenzeller, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR) em Oberpfaffenhofen, perto de Munique. De lá decolará o avião de pesquisa russo "Geophysika", que atinge altitudes de 20 mil quilômetros, e pode medir in loco a presença de gases químicos na camada de ozônio.