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Cameron a líder trabalhista: "Pelo amor de Deus, vá embora"

29 de junho de 2016

Em tom irritado durante sessão parlamentar, primeiro-ministro britânico pede a renúncia de Jeremy Corbyn como líder do Partido Trabalhista. Sem apoio da própria legenda, político se recusa a deixar o cargo.

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David Cameron, que renunciou na semana passada após resultado do Brexit, aconselha líder da oposição a fazer o mesmo
David Cameron, que renunciou na semana passada após resultado do Brexit, aconselha líder da oposição a fazer o mesmoFoto: Reuters/UK Parliament

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um apelo nesta quarta-feira (29/06) para que o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, renuncie ao cargo em nome "do interesse nacional", em mais um capítulo do terremoto político causado pelo referendo que decidiu pelo Brexit há seis dias.

"Está nos interesses do meu partido que Corbyn esteja sentado lá [na oposição], mas não faz parte dos interessas nacionais. Por isso eu digo: pelo amor de Deus, homem, vá embora!" disse Cameron durante uma sessão parlamentar, arrancando aplausos dos políticos presentes.

O primeiro-ministro, contrário à saída do Reino Unido da União Europeia, anunciou a própria renúncia na última sexta-feira, quando veio à tona o resultado do referendo de 23 de junho. Ele deve deixar o cargo em outubro. A atitude não foi replicada por Corbyn, também contrário ao Brexit.

O apelo de Cameron nesta quarta-feira vem um dia depois de o líder trabalhista ter perdido o voto de confiança em moção aberta por membros de seu partido. Um total de 172 deputados trabalhistas votou contra o político, que só recebeu apoio de 40 correligionários.

Partido acusa Corbyn de não ter feito campanha eficiente pela permanência do Reino Unido na UE
Partido acusa Corbyn de não ter feito campanha eficiente pela permanência do Reino Unido na UEFoto: Getty Images/Forsyth

Corbyn reagiu afirmando que a votação "não tem legitimidade constitucional" e que não vai renunciar ao cargo, mesmo tendo perdido grande parte da confiança de sua legenda. O resultado não tem consequências formais e não obriga a realização de nova eleição para substituição da liderança.

"Eu fui democraticamente eleito líder do nosso partido, para um novo tipo de política, por 60% dos trabalhistas e apoiadores. E eu não vou traí-los renunciando", declarou ele em comunicado.

Corbyn foi eleito líder do partido em setembro de 2015. Desde o referendo da semana passada, ele vem perdendo o apoio entre os próprios colegas de legenda, que o acusam de não ter feito uma campanha eficiente contra a saída do país do bloco econômico.

O ex-líder trabalhista, Ed Miliband, juntou-se às vozes que consideram a situação de Corbyn "insustentável". Em declarações à imprensa nesta quarta-feira, o político disse que apoiou o colega "durante todo o caminho", mas pediu para que agora ele reflita sobre o que é "mais certo para o país".

"Não sou um conspirador, sou alguém que se preocupa profundamente com meu país, com meu partido, com as causas pelas quais eu e Jeremy sempre lutamos", afirmou Miliband. "Acho que é melhor que ele renuncie, por mais doloroso que isso seja para ele e para muitos de seus seguidores."

EK/dpa/efe/lusa/rtr