Cameron anuncia data de referendo sobre permanência na UE
20 de fevereiro de 2016Após uma reunião extraordinária com seu gabinete de governo em Londres, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou neste sábado (20/02) que os britânicos deverão decidir no próximo dia 23 de junho, em referendo, se querem permanecer na União Europeia (UE).
Cameron disse ainda que vai fazer campanha contra o chamado Brexit, termo resultante da junção das palavras Britain + exit (Reino Unido + saída). O premiê advertiu que uma saída do bloco europeu seria "um passo no escuro" e que o Reino Unido estará mais seguro e mais forte dentro de uma União Europeia reformada.
O primeiro-ministro elogiou o acordo fechado em Bruxelas entre o Reino Unido e os outros países-membros da UE e, aos britânicos, afirmou que a decisão sobre o destino da nação está nas mãos deles.
“Eu acredito que o Reino Unido será mais seguro, forte e melhor ao permanecer em uma União Europeia reformada”, disse Cameron, diante da residência oficial do governo em Londres. “Deixar a Europa ameaçaria nossa economia e nossa segurança nacional.”
Após a reunião de gabinete deste sábado, os defensores e opositores do Brexit deverão iniciar as suas campanhas. O tema é controverso mesmo dentro do governo de Cameron. Diversos ministros não deverão seguir o apoio do premiê em prol de uma permanência do Reino Unido na União Europeia.
Um dos mais próximos aliados de David Cameron, o secretário de Justiça, Michael Gove, e outros cinco membros do gabinete farão campanha pela saída britânica da UE.
Segundo as pesquisas de opinião, o resultado do referendo é incerto. Inicialmente, Cameron havia anunciado a consulta popular para 2017. O Reino Unido pertence ao bloco desde 1973 – naquela época se tratava da Comunidade Econômica Europeia (CEE). Em 1975, a grande maioria dos britânicos decidiu permanecer na Comunidade por meio de um referendo.
Acordo com UE
Depois de dois dias de negociações, a União Europeia chegou a um acordo, na noite de sexta-feira, sobre reformas para manter o Reino Unido no bloco. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que os líderes dos 28 países-membros deram "apoio unânime" às mudanças.
O acordo alcançado em Bruxelas garantiu ao Reino Unido ser exceção em uma das metas primordiais do bloco: construir uma “união cada vez mais próxima”. O pacto oferece aos britânicos concessões sobre direitos sociais a trabalhadores imigrantes e salvaguardas para a cidade de Londres.
Entre as reformas previstas, está a controversa restrição no pagamento de benefícios a cidadãos oriundos de outros países europeus, numa tentativa de limitar o número de pessoas que buscam emprego no Reino Unido.
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, saudou o acordo, mas afirmou que não foi fácil alcançá-lo, principalmente, em questões que visavam a uma maior união. Merkel disse ainda que gostaria de outra solução sobre o tema benefícios.
"Acredito que não demos muito para o Reino Unido. Agora desejo a David Cameron tudo de bom", concluiu.
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