Campanha eleitoral invade a internet
27 de agosto de 2005A menos de um mês das eleições federais na Alemanha, surgiu uma miríade de sites na internet que aproveitam a deixa para caçoar dos candidatos a chanceler federal. Não é preciso navegar por muito tempo para encontrar a candidata democrata-cristã Angela Merkel dançando break ou disputando uma partida de boxe com o atual premiê Gerhard Schröder.
Mas mesmo que muita coisa seja bobagem, a maioria dos usuários leva o ciberespaço muito a sério e os partidos sabem disso. Tanto que a internet se tornou um dos principais palcos da campanha eleitoral em 2005. Tanto estrategistas do Partido Social Democrata (SPD), que ajudam Schröder a defender seu cargo, quanto os da oposição possuem um departamento destinado apenas a coordenar a presença online – 24 horas por dia.
A internet poderia desempenhar um papel decisivo, especialmente sendo o tempo de campanha tão curto, disse Sebastian Reichel, chefe do comitê eleitoral do SPD. "Qualquer partido que não fizer campanha pela internet ou que a utilizar apenas como plataforma paralela, estará perdendo uma boa oportunidade não apenas de mobilizar eleitores, mas de persuadi-los e trazê-los para seu lado", argumentou.
Além de apresentar o candidato e o programa de governo, o site do SPD esclarece aos eleitores como é possível se envolver com o governo, acompanhar notícias através de podcasts e fazer doações ao partido.
A oposição democrata-cristã não é menos astuta quando se trata de correr atrás dos votos da geração digital. Eles possuem um podcast próprio – que ganhou o nome de iKauder, em homenagem ao secretário-geral do partido, Volker Kauder –, painéis de notícias e links para sites que soltam a língua ao criticar o atual governo.
Blogar é a solução…
…afinal, nenhum outro meio permite reagir tão rapidamente aos deslizes do adversário com custos tão reduzidos em relação aos meios tradicionais de propaganda. A maior tendência nas eleições deste ano são os weblogs, ou blogs, espécies de diário online nos quais políticos e eleitores trocam idéias.
Em seu site, Niels Annen, candidato social-democrata de Hamburgo, torna pública sua agenda das últimas três semanas e informa muito mais sobre sua pessoa que o material de campanha do partido. "Eu não incluiria detalhes da minha vida privada, assunto que a meu ver não pertence ao domínio público", disse. "Mas escrevo todas as minhas impressões pessoais, coisas que eu pensei em determinados momentos."
Annen diz que recebe aproximadamente uma dúzia de mensagens por dia em seu blog. "Uma vez alguém escreveu: 'você é esquerdista demais para mim, mas continue assim. Pelo menos está claro que você escreve as coisas você mesmo, ao contrário de muitos dos seus colegas'. Esse tipo de coisa me encoraja e me faz seguir em frente", conta.
Elemento crucial
Surfar na internet é natural entre jovens alemães. Mesmo que muitos nem estejam conscientes de que a campanha eleitoral também aconteça online, um anúncio na internet, segundo especialistas, já deixou de ser apenas um truque de campanha. Em breve, aparecer em programas populares de televisão – o que Schröder um dia chamou de sua melhor estratégia de marketing – não será mais suficiente.
"As campanhas eleitorais estão mudando. Meios tradicionais, como o rádio, a TV e a mídia impressa, ainda desempenham um papel importante" admite Jo Groebel, diretor do Instituto Europeu de Mídia. "Mas isso tem a ver com o fato de que a maioria dos políticos já passaram de uma certa idade e não estão acostumados a usar a internet desta forma."
Isso está mudando. Um político proeminente que, apesar da idade avançada, percebeu a importância da internet foi o liberal Hermann Otto Solms, candidato ao Bundestag, a câmara baixa do Legislativo alemão. Há alguns dias, ele começou a escrever seu próprio blog. Apesar das dificuldades, ele não pensa em desistir.
"Através da internet, é possível contactar muitas pessoas ao mesmo tempo", disse. "Não há um meio melhor disponível. Pela internet eu consigo alcançar gente comum em uma escala muito maior. Por isso é que ela está ultrapassando os meios tradicionais."