Campismo permanente
27 de fevereiro de 2010Em plenos meados de fevereiro, o camping Jillieshof, na cidade renana de Bad Honnef, continua coberto pela neve. Há 26 anos, Wolfgang Fricke e sua esposa, Christine, lá estacionaram seu trailer pela primeira vez. E desde que se aposentaram, no inverno passado, passaram a morar permanentemente no acampamento, independente das condições climáticas.
A maior parte de seus conhecidos não entende como o casal prefere permanecer acampado, apesar do frio. Segundo os dois, as pessoas criticam por não saberem como é a vida no lugar. "Em primeiro lugar, eles nunca estiveram aqui e, segundo, imaginam que é só uma barraca e nada mais", diz o casal.
Mas acampamento permanente não significa férias permanentes. Todos os dias, os Frickes precisam limpar a barraca e o trailer, cuidar do jardim. No inverno, retirar a neve e manter o aquecedor a gás.
Nova vida
Para o conforto do casal, o trailer e a barraca de entrada, em forma de pavilhão, são aquecidos a 25 graus. Além disso, eles tornaram o lugar bastante aconchegante: as paredes são decoradas com paisagens, e sobre a cômoda paninhos de crochê e flores dão vida ao ambiente.
O apartamento em sua cidade natal, Colônia, está quase sempre vazio. Porém os Fricke têm que mantê-lo, já que a Alemanha não reconhece um trailer como domicílio principal. Em termos financeiros, ele é muito mais vantajoso, pois custa apenas 70 euros por mês, contra os 450 euros, mais despesas, do apartamento.
Porém, não foi o dinheiro que motivou o casal a deixar para trás a vida que tinha em Colônia. "Lá em casa o círculo de conhecidos mais ou menos se desfez – parte se mudou, parte já faleceu. Aqui, é uma comunidade de campistas: se um tem alguma coisa e o outro tem outra, um ajuda o outro", conta o casal.
Prazer sem restrições
Na Alemanha, a nova tendência são os campings luxuosos, com termas e wellness. Mas a falta de conforto não incomoda os Fricke. Basta um saco de água quente, um banheiro químico e a pequena cozinha da barraca, onde eles desfrutam livremente de prazeres culinários.
Christine conta que já está acostumada a ser chamada de "rechonchuda" pelo marido, mas o adjetivo não a incomoda. "Então eu digo: tudo bem! Melhor ser rechonchuda do que ser magra e ter alguma doença. Para mim, está ótimo se estou gorda. Todos os dias café, bolos, um copo de vinho, um copo de espumante, todo dia."
Assim, Wolfgang e Christine aproveitam a paz invernal e o silêncio do local. Eles sabem que, tão logo a temperatura aumentar, os outros campistas estarão de volta. E aí, barulho e agitação é o que não vai faltar.
Autor: Sascha Baron (dd)
Revisão: Augusto Valente