Caos não veio, e governo e Fifa reclamam os louros do sucesso da Copa
30 de junho de 2014"Parece que teremos uma Copa do Mundo fantástica, a Copa das Copas", disse no Rio de Janeiro o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, num balanço final da primeira rodada do torneio. Ele observou que o Brasil está "na rota do sucesso" na organização da competição.
Até recentemente o tom de Valcke era outro. Ele várias vezes reclamou da maneira como o Brasil estava se preparando para a Copa do Mundo – o ápice foi a famosa declaração do "chute no traseiro". Agora, seus elogios não escondem o entusiasmo. "Sem dúvida, esta Copa do Mundo será uma das de maior audiência, vamos quebrar alguns recordes nos próximos dias", previu. Segundo ele, a audiência, especialmente nos EUA, está sendo fantástica.
Brasil, da depressão à euforia. "Os problemas continuam. E, magicamente, tudo mudou", argumenta o escritor Ruy Castro, em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo. "Com ou sem Fifa, governo ou manifestantes, nada deu tão errado quanto parecia, e tudo está dando mais certo do que deveria", arremata.
Dilma entregará troféu
Fifa e governo brasileiro se atropelam na publicação de estatísticas. A Federação Internacional de Futebol anunciou que mais de 3 milhões de ingressos foram vendidos para a Copa do Mundo e que cada jogo teve, em média, 51 mil torcedores.
Já o governo brasileiro calcula que 1 milhão de novos empregos foram criados para a Copa do Mundo e que os turistas estrangeiros já gastaram 365 milhões de dólares no país, sem contar os 156 mil jornalistas credenciados que estão entusiasmados com o torneio.
Ainda antes da partida contra o Chile, a presidente Dilma Rousseff contra-atacou os críticos, dizendo que o Brasil está dando um show. "Estamos dando uma goleada descomunal nos pessimistas, nos que tinham complexo de vira-latas e naqueles que se envergonharam desse país maravilhoso", acrescentou.
Mas ainda não dá para saber se Dilma vai se beneficiar politicamente do entusiasmo com a Copa do Mundo. Ela já confirmou que vai entregar o troféu ao campeão, no Maracanã, mas sem discurso. A lembranças das vaias e xingamentos no jogo de abertura, no dia 12 de junho, em São Paulo, parece ainda estar bem viva.
Rio também festeja
Um total de 25 líderes internacionais, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, já confirmaram presença na final da Copa. Por alguns dias, é como se o Rio de Janeiro voltasse a ser a capital brasileira.
"O Rio de Janeiro é o centro da Copa do Mundo", diz o ministro do Itamaraty Laudemar Aguiar, coordenador de relações internacionais do Rio de Janeiro. "Aqui está não apenas o quartel-general da Fifa, mas também o Centro Internacional de Transmissão e o centro de mídia", argumenta Aguiar.
"Não vou dizer que seja fácil receber 25 lideranças internacionais ao mesmo tempo, mas temos experiência de sobra", garante Aguiar, sem falsa modéstia, lembrando que na conferência Rio +20, em 2012, a cidade recebeu mais de cem chefes de Estado e de governo.