Carrel, Rushdie, Van Gogh, Ali, Ratzinger: quem será o próximo?
18 de setembro de 2006Os protestos contra a citação feita por Bento 16 numa palestra em Regensburg dão continuidade a uma série de conflitos desencadeados nos últimos 20 anos por críticas ao islã. "Quem usa seu direito à liberdade de opinião e expressão na discussão política e filosófica com o islã vive perigosamente", constata a renomada revista alemã Der Spiegel.
Há 20 anos, o humorista holandês Rudi Carrel teve de receber proteção policial em Bremen, após ter feito uma piada sobre o aiatolá Khomeini em seu programa de sátiras na tv alemã, causando protestos no Irã. Diante das ameaças, Carrel pediu desculpas e nunca mais fez piada sobre muçulmanos na televisão.
Em fevereiro de 1989, Khomeini ordenou o assassinato (fatwa) do escritor indiano-britânico Salman Rushdie, que em seu livro Versos Satânicos descreve um profeta que em sonho é visitado pelo arcanjo Gabriel. Este, mais tarde, se revelaria como sendo Satanás. Apesar de o governo em Teerã ter se distanciado desta fatwa em 1998, ainda há muçulmanos fanáticos que querem matar Rushdie.
Também a feminista Ayan Hirsi Ali (nascida na Somália), ex-deputada holandesa e crítica do islã que acaba de emigrar para os Estados Unidos, sofre amaeaças. Ali escreveu o roteiro do curta-metragem Submission, no qual versos do Corão são projetados sobre o corpo nu de uma mulher, com o apelo irônico de que ela sempre se curve aos desejos do marido. O diretor do filme, o holandês Theo van Gogh, foi assassinado na rua por um radical islâmico.
Risco de vida corre também o jornalista dinamarquês Flemming Rose, responsável pela publicação, há um ano, da polêmica série de charges sobre o profeta Maomé, que desencadeou reações violentas no mundo islâmico.
Diante dos protestos em parte violentos contra a citação de Bento 16, a pergunta que se faz na mídia alemã é: quem será o próximo?