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Cartaz do fotógrafo da Benetton agita a Berlinale

(av)8 de fevereiro de 2002

"Amen" ainda nem foi lançado, mas já é notícia. A mais recente obra de Costa-Gavras examina o envolvimento da Igreja católica no Holocausto.

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Ulrich Tukur, oficial SS em "Amen"Foto: presse

Na Praça de Potsdam, a poucas centenas de metros do antigo bunker de Adolf Hitler, um cartaz exibe algo entre crucifixo e cruz suástica. Trata-se da publicidade para o filme Amen, sobre a atitude do Vaticano em relação aos judeus e o Holocausto. Este é um dos 23 candidatos ao Urso de Ouro: o último longa-metragem do grego Constantin Costa-Gavras, realizador dos antológicos thrillers políticos Z e Estado de sítio.

Sobre fundo negro, vemos a cruz vermelha híbrida, tendo ao centro a palavra "Amém". No alto à esquerda, uma foto do ator alemão Ulrich Tukur: ele representa Gerstein, membro da SS que tentou alertar a Igreja e o papa Pio XII sobre os campos de concentração. Embaixo à direita, o ator e diretor Mathieu Kassovitz (Os rios vermelhos), que aqui representa um jovem jesuíta.

A marca registrada da Benetton

Antes mesmo de ser exibido na Berlinale, a produção francesa já está suscitando polêmica, graças ao material de divulgação idealizado por Oliviero Toscani. O fotógrafo italiano ficou famoso pelas escandalosas campanhas publicitárias para a firma de moda Benetton. Interrogado pelo jornal do festival, Toscani esquivou-se com a astúcia usual: "As pessoas que não se deixem iludir, não fui eu que inventei esta imagem, ela já estava lá antes de mim."

O poster recebeu o "amém" tanto dos distribuidores como da direção da Berlinale. Dieter Kosslick elogia a operação de marketing: "O filme é sobre as relações entre o Vaticano e os nazistas. O trabalho de Toscani tem sido objeto de controvérsias. Não é justamente esta a função de um bom cartaz?". Por sua vez, a distribuidora Pathé reafirma que ele "reflete a mensagem forte da película. Possivelmente haverá alguma polêmica, mas para quem assistir Amen, esta imagem será evidente."

O nazismo nas telas

A obra de Costa-Gavras tem apresentação marcada para a quarta-feira (13). Ela se baseia na peça O vigário, do autor alemão Rolf Hochhuth, que desde o lançamento, na década de 60, provocou viva polêmica e numerosas manifestações.

Amen

não será o único filme francês no Festival Internacional de Cinema de Berlim a se ocupar da época nazista: Laissez-passer (Salvo-conduto), de Bertrand Tavernier, também na mostra competitiva, fala da resistência nos meios cinematográficos, durante a ocupação. Além disso, serão apresentados Taking sides, do húngaro István Szabo, e o clássico O ditador, de Charlie Chaplin, que fechará a mostra, em 17 de fevereiro.