Windsors para sempre?
29 de abril de 2011Quem é declarado morto vive mais – esse devia ser o slogan da família Windsor. Assim como Elizabeth 2ª parece ser a rainha eterna, a monarquia constitucional como forma de governo aparentemente está fadada à eternidade no Reino Unido. Também o ex-premiê e antigo líder do Partido Trabalhista, Tony Blair, louva o papel social da realeza.
"Sempre paira no ar a pergunta se no mundo moderno ainda existe lugar para a monarquia. Curiosamente, eu diria que a casa real está hoje mais estável do que esteve anteriormente", diz Blair.
Instabilidade houve, por exemplo, nos dias dramáticos que se sucederam à morte da princesa Diana, em 1997. Naquela época, a rainha se retirou para a Escócia, como se a comoção generalizada em torno da morte da antiga esposa de seu filho não fosse de sua conta.
Para Blair, os Windsor conseguiram superar aquela crise porque os britânicos precisam de sua monarquia, no sentido de que, diante de todas as mudanças, inseguranças e incertezas, a monarquia permanece como algo imutável e que faz parte da história do Reino Unido.
Rainha exemplar
Os antimonarquistas no Reino Unido defendem com veemência a república, mas até mesmo eles só têm elogios para a administração da rainha. O ativista de direitos humanos Peter Tatchell deseja o final da monarquia, mas ele não está seguro de que irá vivenciar tal fato.
"Assim que a rainha não estiver mais no trono, mais pessoas se tornarão republicanas. No momento existe esta forte lealdade pessoal à rainha, o que não será o caso de seu filho e herdeiro, o príncipe Charles", argumenta Tatchell.
Também a editora-chefe da tradicional revista feminina The Lady, Rachel Johnson, elogia o reinado de Elizabeth 2ª. Johnson diz que a monarquia não está ultrapassada e está segura de que a próxima geração garantirá sua existência – através do casamento de William e Kate.
"O casamento proporciona à família real a oportunidade de se desintoxicar, após uma agitada série de separações e escândalos. Ao contrário de seus quatro filhos, a rainha tem um comportamento impecável. Isso temos de admitir", afirma Johnson.
Processo adaptativo
O presidente do instituto de pesquisas YouGov, Peter Kellner, assinala a maestria com que a família real se equilibra entre a modernidade e a tradição. "A monarquia britânica não foi sempre admirada, mas soube se safar de situações incômodas."
Desde a rainha Vitória, no século 19, argumenta Kellner, a realeza sempre foi esperta o suficiente para estar somente um passo à frente, para se modernizar somente o necessário, para captar o humor da população e se adaptar a ele, de forma a não perder o poder.
"Esse processo de adaptação vai continuar. E a decisão de William de se casar com Kate é parte dele", conclui Kellner.
Autor: Sebastian Hesse (ca)
Revisão: Alexandre Schossler