Caso de menina achada em comunidade roma gera onda de solidariedade
21 de outubro de 2013O apelo para ajudar a identificar a menina conhecida como Maria, encontrada com um casal numa comunidade roma na Grécia, causou uma avalanche de manifestações de solidariedade. Foram recebidos cerca de oito mil telefonemas, embora ainda não haja uma pista concreta sobre a identidade da criança, que tem olhos e cabelos claros. O casal suspeito de sequestrá-la foi ouvido nesta segunda-feira (21/10) por um juiz.
Exames médicos, incluindo análise da arcada dentária, comprovaram que Maria tem entre 5 e 6 anos, e não 4 anos como se acreditava a princípio. A polícia grega supõe que ela tenha sido sequestrada e investiga em várias direções – incluindo a hipótese de haver uma ligação com redes de tráfico de crianças –, no intuito de achar os pais biológicos da garota.
A instituição de caridade Smile of the Child, que assumiu a custódia temporária da menina, afirmou que, além das ligações, também recebeu milhares de e-mails, incluindo de pessoas dos EUA, da Escandinávia e outras partes da Europa, da Austrália e da África do Sul.
Mensagens de apoio
"O caso sensibilizou muitas pessoas de muitos países", comentou Panayiotis Pardalis, porta-voz da instituição. "Recebemos fotos de crianças desaparecidas e informações sobre casos potencialmente correlacionados, que estamos encaminhando para a polícia. Mas a maioria das pessoas entrou em contato para transmitir seu apoio e preocupação."
A polícia grega também pediu ajuda à Interpol, que tem 38 meninas com menos de 6 anos em seu banco de dados de pessoas desaparecidas. Nenhuma delas, no entanto, se encaixa no perfil de Maria.
Maria foi descoberta na quinta-feira numa comunidade roma perto de Farsala, cidade 280 quilômetros ao norte de Atenas, durante uma batida policial em busca de drogas e armas. Loira e de olhos verdes, ela chamou a atenção das autoridades por contrastar fisicamente com o casal que a criava. Um teste de DNA comprovou que ela não é parente deles. A polícia afirma que o casal inicialmente alegou que Maria era sua filha biológica.
Pais biológicos seriam búlgaros
O homem, de 39 anos, e a mulher, de 40, compareceram nesta segunda-feira diante de um juiz em Larissa, perto de Farsala. Ambos negaram a acusação de sequestro, alegando que adotaram a criança quando ela tinha apenas alguns dias de idade. Testemunhas que acompanharam o casal na audiência afirmaram que os pais biológicos são também da etnia roma, porém da Bulgária, e se desfizeram da criança quando ela tinha apenas 15 dias de vida.
Um advogado de defesa disse que o casal recebeu a menina através de um intermediário de uma mãe estrangeira que não tinha condições de criar a criança. Os suspeitos também foram acusados de obter ilegalmente documentos oficiais, como registros de nascimento.
A polícia diz que a mulher alegou ter dado à luz seis crianças em menos de 10 meses - dez das 14 crianças que o casal havia registrado como seus filhos estão desaparecidas. Não está claro se todas elas existem realmente ou se são apenas declarações falsas de paternidade com intuito de tirar proveito do sistema grego de ajuda social.
Segundo a polícia, os dois suspeitos recebiam cerca de 2.500 euros por mês em subsídios a partir das três diferentes cidades onde registraram as crianças.
O homem também enfrenta outras acusações, juntamente com outras pessoas, por suposto porte ilegal de arma e crimes relacionados com entorpecentes.
MD/ap/dpa