Castro prevê luta "longa e difícil" para fim do embargo dos EUA a Cuba
20 de dezembro de 2014O presidente cubano, Raúl Castro, afirmou neste sábado (20/12) que seu país terá pela frente uma "longa e difícil" luta para suspender o embargo econômico e comercial aplicado pelos Estados Unidos há mais de 50 anos. Ao discursar na Assembleia Nacional cubana, Castro pediu ainda que os americanos respeitem o regime socialista na ilha caribenha enquanto os dois países avançam para restabelecer laços diplomáticos.
Na última quinta-feira, EUA e Cuba anunciaram uma nova era nas relações bilaterais, em uma reaproximação histórica que envolveu a libertação de presos políticos nos dois países e perspectivas de uma maior aproximação nos próximos meses.
Raúl Castro salientou que a decisão de restabelecer relações diplomáticas com os Estados Unidos foi um "passo importante", mas adiantou que falta resolver o essencial: o fim do bloqueio econômico. A suspensão do embargo comercial dos Estados Unidos a Cuba precisa ser aprovada pelo Congresso americano, onde a oposição republicana terá maioria nas duas Casas a partir do ano que vem.
Negociadores dos EUA visitarão Havana em janeiro para iniciar as conversas sobre o restabelecimento das relações diplomáticas. O presidente americano, Barack Obama, já declarou que seu governo vai aumentar a pressão sobre os cubanos em questões como direitos humanos durante as negociações.
Respeito ao socialismo
Durante discurso neste sábado, Castro garantiu estar aberto para discutir uma vasta gama de assuntos, mas de maneira igual e recíproca. O dirigente cubano afirmou ainda que seu país não desistirá de seus princípios socialistas.
"Da mesma maneira que jamais pediremos aos Estados Unidos que mudem o sistema político deles, exigiremos respeito ao nosso", disse.
Em discurso na Assembleia, Raúl Castro confirmou sua participação na Cúpula das Américas, programada para abril de 2015, no Panamá. Ele anunciou ainda que o 7º Congresso do Partido Comunista (PCC) de Cuba será em abril de 2016. Segundo Castro, a intenção é lançar, durante o encontro do partido, um "amplo e democrático" debate com os militantes socialistas e com o povo cubano sobre a situação econômica do país.
Raúl Castro discursou durante o encerramento da sessão semestral da Assembleia Nacional, um dia depois de aquele órgão ter ratificado, por unanimidade, o acordo anunciado entre Cuba e os Estados Unidos.
MSB/lusa/rtr/afp