Catástrofes naturais prejudicam cada vez mais a economia dos EUA
28 de agosto de 2012A tempestade tropical batizada com o nome bíblico "Isaac" ameaça se tornar um perigoso furacão, como há muito tempo não se vê. Especialistas do Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos fizeram uma previsão nesta segunda-feira (27/08) de que o ciclone se transformará num furacão da categoria 2 e chegará a uma velocidade de 160 km/h, antes de alcançar alguma área na costa entre os estados da Flórida e da Louisiana, o que deve acontecer na noite desta terça-feira ou cedo pela manhã da quarta-feira.
Os norte-americanos têm enfrentado tempos difíceis ultimamente: a forte seca que assola o país atinge cerca de 75% das plantações de milho e de soja. O volume final dos prejuízos só deve ficar claro após a colheita de outubro. Mesmo assim, a resseguradora Munich Re, a maior do mundo, já fez uma reserva de 160 milhões de euros.
Segundo o presidente da empresa, Torsten Jeworrek, até hoje a Munich Re nunca precisou saldar um prejuízo desta proporção na agricultura. E, segundo um estudo ainda não publicado pela gigante – mas antecipado à Deutsche Welle – as coisas não devem melhorar por agora. O número de catástrofes naturais anuais vem crescendo de maneira dramática desde 1980. Uma tendência observada especialmente nos EUA.
"A América do Norte está exposta a todos os perigosos riscos climáticos, e tanto a frequência quanto a intensidade dos fenômenos extremos devem continuar aumentando", diz o estudo. E com eles, não apenas as regiões agrícolas e a população sofrem. "A longo prazo, esta situação deve levar a crescentes perdas econômicas e das seguradoras".
Catástrofes mais frequentes
No ano passado, uma série de tempestades com inúmeros tornados nos EUA causou um prejuízo de cerca de 46 bilhões de dólares, dos quais 25 bilhões estavam cobertos por seguradoras. Com isso, os prejuízos praticamente dobraram em comparação com o ano anterior. E essa tendência deve continuar.
Apenas no primeiro semestre de 2011, furacões e tempestades nos EUA custaram às operadoras de seguro cerca de 8,8 bilhões de dólares. Para a Munich Re, estes furacões e queimadas no território norte-americano foram responsáveis por 85% da cobertura paga em todo o mundo. E o Isaac pode desequilibrar ainda mais a balança.
Com o estudo sobre os riscos climáticos na América do Norte, os especialistas da Munich Re chegaram a um consenso: nos últimos anos, ocorreram tempestades mais intensas. Se na década de 1980 eram registradas cerca de 50 por ano, nos últimos anos esse registro pulou para algo entre 100 e 150. Só nos primeiros seis meses de 2012 houve 61 tempestades fortes.
Além disso, o período entre a ocorrência de secas, tempestades ou enchentes está cada vez menor. Sendo assim, o número de tais acontecimentos naturais extremos cresceu praticamente cinco vezes nos últimos 30 anos. "Não há outro continente no qual este índice está aumentando tanto", afirmou Peter Höppe, chefe de pesquisas de riscos globais da Munich Re, ao jornal alemão Handelsblatt.
Sem perspectiva de melhora
Com isso, os Estados Unidos são diretamente afetados como o segundo maior emissor de gases de efeito estufa. Apenas a China polui mais. Este será o ano mais quente nos EUA desde que os dados sobre o clima começaram a ser registrados. E este não será o único recorde.
Na Munich Re, acredita-se que as fases de superaquecimento e de seca serão bem mais frequentes. Enquanto no passado calculava-se que secas extremas ocorreriam em território norte-americano a cada 50 anos, já se espera que nas próximas décadas elas passem a acontecer em intervalos bem menores.
Também em outras partes do mundo tais eventos climáticos devem se tornar mais frequentes. "Se observarmos as tendências nos números de acontecimentos com danos relevantes, vemos o forte aumento das enchentes", ressalta Peter Höppe. Se no início dos anos 1980 havia cerca de 100 inundações por ano em todo o mundo, este número atualmente chega a 350.
E o número de tempestades mais que duplicou. O volume de eventos geofísicos como terremotos, tsunamis ou erupção de vulcões permanece, porém, estável.
Autora: Insa Wrede (msb)
Revisão: Carlos Albuquerque