Católicos e protestantes buscam a reconciliação
28 de maio de 2003Foi em 1517, na cidade de Wittenberg, que Martinho Lutero lançou as suas teses reformistas, que iriam abalar e dividir a Igreja cristã da Europa Ocidental. Hoje, quase 500 anos depois, católicos e protestantes alemães convivem pacificamente e demonstram tendências de estreitar os laços.
O papa João Paulo II enviou há dois anos uma carta aos cardeais alemães afirmando que o caminho do ecumenismo é irreversível. A Igreja Protestante (também chamada Luterana ou Evangélica) está convencida de que o futuro da Igreja cristã é ecumênico.
Na Alemanha, há varias comunidades religiosas católicas e protestantes que trabalham em cooperação, compartilhando inclusive os mesmos locais para o trabalho de base.
Mas o movimento de aproximação entre as Igrejas Católica e Luterana tem enfrentado também resistência, sobretudo do próprio Vaticano. O principal ponto de discórdia é o sacramento da comunhão.
Segundo a Igreja Católica, a comunhão só pode ser celebrada por um padre e o pão e o vinho distribuídos durante a Eucaristia são de fato o corpo e o sangue de Jesus Cristo. Para os protestantes, a presença de Cristo durante a comunhão tem um caráter mais simbólico.
Pouco antes da Páscoa de 2003, João Paulo II proibiu os católicos de participarem de uma comunhão numa igreja protestante. O papa quis assim deixar claro a importância de manter o dogma católico do "mistério" da Eucaristia.
A Igreja Luterana não reconhece a autoridade do papa como porta-voz dos cristãos e sucessor legítimo de São Pedro. Por outro lado, em 2002, a Congregação da Fé do Vaticano qualificou a Igreja Católica de única representante dos cristãos. A Igreja Protestante, na visão do Vaticano, seria apenas uma "comunidade religiosa", que não reconhece o mistério da comunhão.
Reconciliação na diversidade
No caminho do ecumenismo, os bispos católicos e protestantes alemães cultivam o que eles consideram a "reconciliação na diversidade". Ou seja, eles propagam a aceitação e o reconhecimento das diferenças entre as Igrejas. Uma das diferenças básicas é a noção do sacerdócio.
Os católicos só admitem sacerdotes do sexo masculino; na religião protestante esta função pode ser exercida tanto por homens como por mulheres, que podem também se casar e constituir família. Os protestantes não admitem santos nem a veneração da Virgem Maria.