Cessar-fogo no leste da Ucrânia sob ameaça
16 de fevereiro de 2015Conflitos entre as forças do governo de Kiev e separatistas pró-Rússia continuaram no leste da Ucrânia nesta segunda-feira (14/02), ameaçando o cessar-fogo que entrou em vigor neste fim de semana. Em meio a acusação mútuas de ataques, ambos os lados lançam dúvidas sobre a remoção dos armamentos pesados, prevista no acordo de paz estabelecido na semana passada.
O Conselho de Segurança da Ucrânia afirmou que ao menos cinco soldados foram mortos e outros 25 feridos nas últimas 24 horas. A maioria das mortes ocorreu na região da cidade portuária de Mariupol, onde as forças do governo retomaram seis cidades e vilarejos numa ofensiva na semana passada.
Pavlo Klimkin, ministro ucraniano do Exterior, acusou os separatistas de violar o cessar-fogo iniciado à meia noite de domingo. "Infelizmente, nas últimas 24 horas, 112 tiros foram disparados pelos terroristas", afirmou o ministro, insistindo que as forças ucranianas estariam respeitando a trégua.
O porta-voz do Conselho de Segurança, Andriy Lysenko, declarou que a Ucrânia não irá realizar a retirada de armamentos pesados prevista no acordo de paz enquanto a trégua não for assegurada. "Cento e doze tiros, isso não é um cessar-fogo", disse.
Acusações mútuas
Vladislav Seleznyov, porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano, afirmou que a maioria das violações ao cessar-fogo ocorreu na região de Debaltsevo, e reforçou que o Exército não irá abrir mão da cidade, um importante centro ferroviário localizado entre os bastiões dos separatistas, Donetsk e Lugansk. O local foi palco de violentos combates nos dias que antecederam o início da trégua.
Os separatistas acusam o Exército ucraniano de violar o acordo de paz e afirmam que também irão se recusar a remover os armamentos pesados antes que o cessar-fogo seja cumprido.
"Iremos remover nossos equipamentos da linha de combate apenas se recebermos algum sinal de que os ucranianos estariam fazendo o mesmo", afirmou o líder militar separatista Eduard Basurin.
Ele afirmou que o governo atacou durante a noite a cidade de Horlivka, controlada pelos rebeldes. No entanto, o chefe de polícia da região de Donetsk rebateu a acusação, afirmando que os próprios separatistas bombardearam a cidade no intuito de sabotar a trégua.
Merkel: "O caminho é difícil"
O acordo de paz estabelecido em Minsk entre os líderes separatistas, a Ucrânia e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) estipula que as duas partes retirem os armamentos pesados das frentes de batalha dois dias após o início do cessar-fogo.
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, lançou um apelo para que o acordo de paz seja respeitado. O cessar-fogo "é frágil", disse, acrescentando que não há garantias de que será mantido. "O caminho é extremamente difícil", observou a chanceler em Berlim.
Merkel deverá participar de uma conversa telefônica sobre a implementação do cessar-fogo com os presidentes da França, Rússia e Ucrânia. Segundo o assessor de Política Externa do presidente russo Vladimir Putin, Yuri Ushakov, a conversa pode ocorrer na noite desta segunda-feira ou nos próximos dias.
RC/dpa/ap