N'Drangheta em Duisburg
16 de agosto de 2007Anúncio
O Ministério italiano do Interior confirmou na última quarta-feira (15/08) a ligação do assassinato de seis pessoas nas proximidades da estação central de Duisburg, no oeste da Alemanha, com a máfia italiana. A polícia alemã, no entanto, afirma que a conexão é apenas uma possibilidade e que as investigações seguirão em todas as direções.
Em entrevista à televisão italiana, o ministro Giuliano Amato afirmou que o crime é conseqüência de um conflito entre duas famílias da província italiana da Calábria e tudo indica que esteja relacionado à máfia calabresa N'Drangheta. Amato não descarta inclusive que o crime de Duisburg possa ocasionar novos desdobramentos em seu país.
As vítimas, que tinham entre 16 e 39 anos, eram todas aparentadas, à exceção de apenas uma. Trata-se do proprietário e dos empregados de uma pizzaria, onde pouco antes haviam comemorado os 18 anos de um aprendiz de cozinha. Ao deixar o estabelecimento, foram surpreendidos pelos assassinos – supostamente dois homens –, que abriram fogo e perfuraram os dois veículos das vítimas com "inúmeros tiros", informou a polícia local.
Ainda segundo as autoridades, os corpos foram encontrados com diversas perfurações e os resultados da autópsia só sairão dentro de alguns dias. Com base na análise das balas e cartuchos encontrados no local do crime, a polícia investiga agora se os tiros foram disparados de pistolas automáticas.
Faturamento de 35 bilhões de euros
Segundo a polícia italiana em Roma, os crimes fazem parte de uma disputa entre dois clãs rivais envolvendo as famílias Pelle-Romeo e Strangio-Nirta, ambas supostamente ligadas à N'Drangheta, que, com um faturamento anual estimado em 35 bilhões de euros, é considerada a maior organização mafiosa da Europa, envolvida, entre outras atividades, com o tráfico de cocaína.
Os primeiros resultados das investigações levam a crer que a vítima Marco M. tenha sido o principal alvo da chacina, informou a agência italiana de notícias Ansa. Ele é visto pelo clã dos Strangio-Nirta como um dos principais responsáveis pelo assassinato de Maria Strangio, esposa de Giovanni Nirta, chefe do clã.
Segundo a polícia italiana, nunca houve na história da N’Drangheta uma série de vinganças com um saldo tão grande de vítimas fatais. No entanto, o porquê da morte das cinco outras vítimas permanece incerto.
Crimes no exterior são “novidade”
De acordo com informações extra-oficiais de autoridades italianas, a N'Drangheta é constituída por cerca de cem clãs familiares com um total de sete mil mafiosos, sendo que as famílias tradicionalmente mais poderosas provêm da cidade de San Luca, ao sul da Calábria.
Segundo o procurador-geral da república, Pietro Grasso, o fato de os crimes terem sido cometidos em um país estrangeiro constitui uma "novidade absoluta". Ele acredita que as vítimas possam ter sido atraídas pelos assassinos até Duisburg, para que estes pudessem evitar as conseqüências de seus atos.
Grasso supõe ainda que os assassinos tenham atacado na Alemanha para escapar à forte vigilância a que provavelmente estavam submetidos na Itália. Nesta quinta-feira (16/08), dois agentes italianos chegaram à Alemanha para ajudar nas investigações.
Frieza e profissionalismo
Além da precisão e da frieza com que foi executado, há vários outros indícios de que se trata de um crime profissionalmente planejado. O local do crime fora bem escolhido: uma passagem escura entre dois edifícios de escritórios, de localização central, porém sossegado e pouco visível, o que explicaria a ausência de testemunhas.
No entanto, a polícia ainda espera poder obter informações sobre os autores do crime através das câmeras de vídeo instaladas nos prédios da redondeza. Por enquanto, a polícia tenta aprimorar as imagens obtidas, que são de muito má qualidade, através de recursos técnicos, embora o sucesso seja incerto.
De acordo com a mídia italiana, a disputa entre os clãs tem suas origens no ano de 1991, quando houve um conflito acerca de um morteiro de Carnaval, a partir do qual se desenvolveu a briga familiar, que levou aos primeiros assassinatos alguns meses depois e já causou a morte de 15 pessoas até hoje.
A polícia italiana agora teme que a chacina de Duisburg possa levar a uma revanche em San Luca. Na quinta-feira, foi acirrado o controle em diversas vias de acesso à cidade.
Sindicato alerta
Konrad Freiberg, presidente do Sindicato alemão dos Policiais, alerta para perigo crescente da máfia no país. “A máfia já está com um pé em diversos setores econômicos”, disse ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung. A dimensão do problema, segundo ele, está sendo menosprezada pela opinião pública. Ele estima que, a cada ano, centenas de milhões de euros de fontes ilegais sejam investidos através de mediadores em empresas alemãs.
No entanto, Kaiser considera improvável que a influência da máfia italiana na Alemanha venha a crescer no futuro. “A máfia se esforça em agir discretamente. Assassinatos espetaculares como o de Duisburg deverão continuar sendo exceções.” (rr)
Em entrevista à televisão italiana, o ministro Giuliano Amato afirmou que o crime é conseqüência de um conflito entre duas famílias da província italiana da Calábria e tudo indica que esteja relacionado à máfia calabresa N'Drangheta. Amato não descarta inclusive que o crime de Duisburg possa ocasionar novos desdobramentos em seu país.
As vítimas, que tinham entre 16 e 39 anos, eram todas aparentadas, à exceção de apenas uma. Trata-se do proprietário e dos empregados de uma pizzaria, onde pouco antes haviam comemorado os 18 anos de um aprendiz de cozinha. Ao deixar o estabelecimento, foram surpreendidos pelos assassinos – supostamente dois homens –, que abriram fogo e perfuraram os dois veículos das vítimas com "inúmeros tiros", informou a polícia local.
Ainda segundo as autoridades, os corpos foram encontrados com diversas perfurações e os resultados da autópsia só sairão dentro de alguns dias. Com base na análise das balas e cartuchos encontrados no local do crime, a polícia investiga agora se os tiros foram disparados de pistolas automáticas.
Faturamento de 35 bilhões de euros
Segundo a polícia italiana em Roma, os crimes fazem parte de uma disputa entre dois clãs rivais envolvendo as famílias Pelle-Romeo e Strangio-Nirta, ambas supostamente ligadas à N'Drangheta, que, com um faturamento anual estimado em 35 bilhões de euros, é considerada a maior organização mafiosa da Europa, envolvida, entre outras atividades, com o tráfico de cocaína.
Os primeiros resultados das investigações levam a crer que a vítima Marco M. tenha sido o principal alvo da chacina, informou a agência italiana de notícias Ansa. Ele é visto pelo clã dos Strangio-Nirta como um dos principais responsáveis pelo assassinato de Maria Strangio, esposa de Giovanni Nirta, chefe do clã.
Segundo a polícia italiana, nunca houve na história da N’Drangheta uma série de vinganças com um saldo tão grande de vítimas fatais. No entanto, o porquê da morte das cinco outras vítimas permanece incerto.
Crimes no exterior são “novidade”
De acordo com informações extra-oficiais de autoridades italianas, a N'Drangheta é constituída por cerca de cem clãs familiares com um total de sete mil mafiosos, sendo que as famílias tradicionalmente mais poderosas provêm da cidade de San Luca, ao sul da Calábria.
Segundo o procurador-geral da república, Pietro Grasso, o fato de os crimes terem sido cometidos em um país estrangeiro constitui uma "novidade absoluta". Ele acredita que as vítimas possam ter sido atraídas pelos assassinos até Duisburg, para que estes pudessem evitar as conseqüências de seus atos.
Grasso supõe ainda que os assassinos tenham atacado na Alemanha para escapar à forte vigilância a que provavelmente estavam submetidos na Itália. Nesta quinta-feira (16/08), dois agentes italianos chegaram à Alemanha para ajudar nas investigações.
Frieza e profissionalismo
Além da precisão e da frieza com que foi executado, há vários outros indícios de que se trata de um crime profissionalmente planejado. O local do crime fora bem escolhido: uma passagem escura entre dois edifícios de escritórios, de localização central, porém sossegado e pouco visível, o que explicaria a ausência de testemunhas.
No entanto, a polícia ainda espera poder obter informações sobre os autores do crime através das câmeras de vídeo instaladas nos prédios da redondeza. Por enquanto, a polícia tenta aprimorar as imagens obtidas, que são de muito má qualidade, através de recursos técnicos, embora o sucesso seja incerto.
De acordo com a mídia italiana, a disputa entre os clãs tem suas origens no ano de 1991, quando houve um conflito acerca de um morteiro de Carnaval, a partir do qual se desenvolveu a briga familiar, que levou aos primeiros assassinatos alguns meses depois e já causou a morte de 15 pessoas até hoje.
A polícia italiana agora teme que a chacina de Duisburg possa levar a uma revanche em San Luca. Na quinta-feira, foi acirrado o controle em diversas vias de acesso à cidade.
Sindicato alerta
Konrad Freiberg, presidente do Sindicato alemão dos Policiais, alerta para perigo crescente da máfia no país. “A máfia já está com um pé em diversos setores econômicos”, disse ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung. A dimensão do problema, segundo ele, está sendo menosprezada pela opinião pública. Ele estima que, a cada ano, centenas de milhões de euros de fontes ilegais sejam investidos através de mediadores em empresas alemãs.
No entanto, Kaiser considera improvável que a influência da máfia italiana na Alemanha venha a crescer no futuro. “A máfia se esforça em agir discretamente. Assassinatos espetaculares como o de Duisburg deverão continuar sendo exceções.” (rr)
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