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Checkpoint Berlim: O polêmico monumento da Reunificação

27 de fevereiro de 2017

Em meio a controvérsia, Bundestag aprova construção de monumento de 15 milhões de euros. Decisão desagrada críticos do projeto, que afirmam que estrutura destoa de local escolhido para abrigá-lo.

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Modelo do monumento da Reunificação que será construído próximo à ilha dos museus
Modelo do monumento da Reunificação que será construído próximo à ilha dos museusFoto: picture-alliance/dpa/Foto: Milla&Partner/Sasha Waltz

Como deveria ser um monumento para homenagear os protestos pacíficos na antiga República Democrática Alemã (RDA) e a Reunificação alemã? A questão tem ocupado governantes, artistas plásticos e ativistas em Berlim desde o fim da Alemanha Oriental e já causou muitas brigas e discussões. Agora, porém, o assunto parece resolvido. Até segunda ordem.

Depois de muitas idas e vindas, o governo voltou atrás e autorizou novamente a construção do monumento chamado de "Gangorra da Unidade" (Einheitswippe). A decisão foi uma surpresa, afinal, em abril de 2016, o Bundestag (Parlamento alemão) suspendeu o financiamento do projeto devido à explosão no valor da obra, que passou dos estimados 10 milhões de euros para 15 milhões de euros. Além disso, havia também o alto custo de manutenção. 

Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008
Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

A suspensão, decidida depois muita conversa – afinal, os alemães costumam discutir bastante e analisar cada detalhe antes de tomar uma decisão –, agradou os críticos do projeto. O pontapé inicial para sua construção foi dado em 2007, quando o Bundestag decidiu que iria financiar em Berlim a homenagem à data histórica.

Um concurso foi lançado para escolher a melhor ideia e recebeu centenas de inscritos. Em 2011, finalmente, com a seleção da obra – uma gangorra gigante de metal e concreto, criada por um arquiteto de Stuttgart em parceira com a coreógrafa Sasha Waltz –, parecia ter sido colocado um ponto final nas discussões.

Mas o projeto demorou a sair do papel e acabou cancelado, o que gerou certa revolta entre os apoiadores da iniciativa. O monumento é polêmico não só por essas idas e vindas, mas também esteticamente. 

Críticos reclamam que a peça destoa completamente da região escolhida para abrigá-la: a gangorra cinza enorme e bem proeminente ficará ao lado do Palácio de Berlim, de estilo barroco, que está sendo reconstruído próximo â Ilha dos Museus, onde há construções clássicas. Assim, a homenagem corre o risco de se tornar um "pecado arquitetônico", ou seja, aquela obra que acaba com a "beleza estética" de determina região.

Particularmente, acho que o projeto escolhido tem uma estética muito pesada para o momento histórico que homenageia. A Reunificação agradou a grande maioria dos alemães, principalmente aqueles que tiveram suas famílias separadas ou sofreram com o regime comunista. Além disso, a tal gangorra, construída na beira do rio, deixará uma região que poderia ser um oásis verde no centro berlinense ainda mais cinza.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.