Chefe da diplomacia da UE visita Cuba
23 de março de 2015A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, inicia nesta segunda-feira (23/03) uma visita de dois dias a Cuba – a primeira de um alto representante do bloco à ilha caribenha em seis anos.
A viagem é considerada um gesto de apoio às conversas entre Bruxelas e Havana, que desde abril de 2014 tentam firmar um acordo bilateral de cooperação e diálogo político. Um dos obstáculo até aqui vem sendo a questão dos direitos humanos.
Na última rodada de negociação, no início de março, um representante da UE admitiu que existem "diferenças de interpretação" sobre o tema que ainda precisam ser superadas.
“É uma visita simbólica para retomar um diálogo importante e voltado para o futuro”, disse Mogherini, primeira chefe da diplomacia europeia a visitar a ilha. “Num tempo em que Cuba enfrenta mudanças, a UE, como parceira, pode acompanhar o país da melhor maneira.”
As negociações buscam a assinatura do chamado Acordo de Diálogo Político e Cooperação. Cuba é o único país latino-americano com o qual a UE não possui um tratado bilateral.
Esse acordo substituiria a chamada Posição Comum, entendimento que, desde 1996, condiciona a avanços nos direitos civis, políticos e humanos a cooperação entre UE, como bloco, e Cuba.
Apesar dessa política, a maioria dos países europeus mantém, de forma independente, acordos bilaterais com a ilha. O comércio entre Cuba e o bloco europeu cresceu constantemente nos últimos cinco anos. No momento, 21,9% das trocas comerciais cubanas são com países da UE, que, juntos, só são superados pela Venezuela (32,6%).
A visita de Mogherini é realizada em meio às históricas negociações de distensão entre Cuba e EUA. A diplomata italiana terá reuniões com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, e com o arcebispo de Havana, o cardeal Jaime Ortega, que nos últimos anos se tornou um importante interlocutor em negociações com o regime castrista.
Mogherini também deve ser recebida por setores da sociedade civil. Uma reunião com o presidente Raúl Castro é tida como improvável – apesar de Havana não costumar anunciar encontros do tipo.
RPR/efe/dpa