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Estado de DireitoMianmar

Chefes militares de 12 países condenam violência em Mianmar

28 de março de 2021

Desde o golpe de Estado no início do mês, já houve mais de 400 mortes durante protestos populares, sendo pelo menos 114 apenas no sábado. Oficiais do Ocidente e Oriente dirigem documento inusual a liderança birmanesa.

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Vítima da repressão estatal é levada para hospital em Yangon
Vítima da repressão estatal é levada para hospital em YangonFoto: AP/picture alliance

Os birmaneses voltaram às ruas neste domingo (28/03) para protestar contra a junta militar que tomou o poder no país, depois de as manifestações da véspera terem deixado um saldo mortal de mais de 100 civis, inclusive crianças, na mais sangrenta repressão no Mianmar desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro.

Os manifestantes desafiaram as forças de segurança em localidades como Yangon, Monywa, Myinchan e Hapakant, em diferentes regiões e estados do país, de acordo com a imprensa local e ativistas nas redes sociais, citados pela agência de notícias Efe.

O sábado foi Dia das Forças Armadas em Mianmar, comemorado com uma parada militar. Nos protestos que se seguiram, imprensa e testemunhas registraram pelo menos 114 vítimas, incluindo menores entre 10 e 16 anos, segundo a Organização das Nações Unidas. Somente no centro da metrópole Mandalay houve 40 mortos.

As forças de segurança birmanesas também fizeram vítimas neste domingo. Na cidade de Aungmyaythazan, na região de Mandalay, soldados dispararam contra um homem de 40 anos e o atiraram sobre barricadas em chamas, onde morreu, segundo a agência de notícias Myanmar Now.

Em Yangon, maior cidade birmanesa, pelo menos dois cidadãos ficaram feridos pela explosão de uma granada alegadamente lançada por agentes de segurança, denunciaram ativistas do movimento conhecido como Revolução da Primavera.

Militares do mundo condenam

A Associação Birmanesa de Assistência a Presos Políticos (AAPP) estima em 423 o total das vítimas da violência estatal desde o golpe que derrubou o governo da líder civil Aung San Suu Kyi. O balanço da junta militar, por sua vez, dá conta de apenas 164 mortos.

Numa declaração conjunta, líderes militares de 12 países condenaram a violência estatal na nação do Sudeste Asiático: "Um profissional militar obedece regras de comportamento internacionais e é responsável por proteger – não por ferir – o povo que serve", consta do inusual documento.

Os signatários da Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Itália, Japão, Nova Zelândia e Reino Unido exigiram que as Forças Armadas "suspendam a violência e ajam para restabelecer, junto ao povo de Mianmar, o respeito e a credibilidade que perderam devido a suas ações".

A agência de notícias Efe informa que a junta militar mandou fechar os meios de comunicação e ordenou perseguições a jornalistas. A cobertura dos protestos e da repressão depende de repórteres que vivem na clandestinidade e de testemunhas que registram os eventos com seus telefones celulares.

Em 1º de fevereiro de 2021, os generais birmaneses tomaram o poder, alegando fraude eleitoral nas eleições legislativas de novembro que deram a vitória à líder da Liga Nacional para a Democracia (LND), Aung San Suu Kyi. Desde o golpe de Estado, sucedem-se nas ruas de Mianmar as manifestações de protesto contra a arbitrariedade da polícia e do Exército.

av (Lusa,Reuters,AFP,DPA)