China classifica declarações do G7 de difamatórias
14 de junho de 2021A China criticou em duros termos, nesta segunda-feira (14/06), um comunicado do G7 (grupo que reúne Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) que urge o governo chinês a respeitar os direitos humanos, em especial na província de Xinjiang, e as liberdades fundamentais e o alto grau de autonomia em Hong Kong.
O G7, que se reuniu em Cornwall, na Inglaterra, também expressou preocupação com a situação no Mar de China Meridional, salientando a importância da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan, um região disputada e fortemente vigiada pela China. Taiwan se considera uma nação soberana, enquanto a China afirma que se trata de uma província rebelde.
O presidente dos EUA, Joe Biden, pressionou para que a declaração conjunta do G7 incluísse um tom crítico à China, em especial sobre Hong Kong, a minoria uigur em Xinjiang e a pandemia de coronavírus.
Especialistas afirmam que as autoridades chinesas prenderam cerca de 1 milhão de pessoas da minoria muçulmana uigur na província de Xinjiang. ONGs internacionais relatam que há tortura física e psicológica em prisões e campos de detenção na região.
Os Estados Unidos foram mais longe e acusaram a China de cometer um genocídio da minoria uigur.
"Difamação deliberada"
A China considerou difamatória a declaração final da cúpula do G7, acusou o grupo de nações ricas de interferência e disse que ele deveria promover a cooperação internacional e evitar a confrontação.
"A declaração distorce os fatos sobre Xinjiang, Hong Kong, Taiwan e outros assuntos para difamar deliberadamente a China", comunicou a embaixada chinesa no Reino Unido.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o G7 não é um clube hostil à China, apesar do tom do comunicado final, mas um grupo de democracias que quer "trabalhar com a China em todas as questões globais".
Teoria do laboratório em Wuhan
No seu comunicado, o G7 também defendeu uma nova investigação das origens da pandemia de covid-19. O novo coronavírus foi registrado pela primeira vez no mercado de Wuhan, uma cidade da China, em fins de 2019.
Em maio passado, os serviços de informação de Washington ressuscitaram a teoria de que a pandemia teria começado num laboratório na cidade de Wuhan, o que a China nega com veemência e uma equipe internacional de investigadores declarou improvável.
"Os políticos dos Estados Unidos e outros países ignoram os fatos e a ciência. Questionam e negam abertamente as conclusões do relatório conjunto realizado pelo grupo de especialistas da Organização Mundial da Saúde e acusam a China sem fundamento", afirmou a embaixada chinesa em Londres.
"A China espera que esses países cooperem para investigar as origens da pandemia juntamente com a OMS de maneira científica, objetiva e justa", acrescentou o comunicado.
as/lf (Lusa, AFP)