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Degelo sino-alemão

20 de janeiro de 2008

Desde que a premiê alemã recebeu o Dalai Lama em Berlim, a tensão bilateral é palpável. Dois meses de correspondência e "diplomacia secreta" proporcionam um lento degelo sino-alemão.

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Visita do Dalai Lama foi o pomo da discórdiaFoto: picture alliance / dpa

Um reaquecimento das relações entre Alemanha e China está à vista. Para tal, O Ministério das Relações Exteriores em Berlim investiu dois meses de "diplomacia secreta", segundo noticiou a revista Der Spiegel. Numa série de cartas, o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, e seu colega de pasta chinês, Yang Jiechi, haveriam finalmente realinhado suas posições.

Nesta terça-feira (22/01), Yang se encontrará em Berlim, para uma conferência das cinco nações com direito a veto no Conselho de Segurança da ONU, além da Alemanha. O tema será o impasse nuclear com o Irã. Ainda não está certo se os chefes das diplomacias alemã e chinesa aproveitarão a ocasião para um encontro bilateral. O vice-ministro do Exterior, Gernot Erler, disse considerar a idéia "desejável".

Merkel bem-vinda às Olimpíadas

Aussenminister Frank-Walter Steinmeier (SPD, r) trifft am Freitag (28.09.2007) den chinesischen Aussenminister Yang Jiechi Steinmeier: Meinungsverschiedenheiten mit China dauern noch an
Yang Jiechi (e) e Steinmeier em setembro de 2007: tensão no arFoto: picture-alliance/dpa

Desde o colóquio entre Merkel e o líder religioso tibetano Dalai Lama, em setembro de 2007 na Chancelaria Federal, a tensão entre Berlim e Pequim é palpável. Neste meio tempo, a China cancelou ostensivamente uma série de encontros com representantes alemães.

Tal esfriamento prejudicou também as relações entre os dois pólos da coalizão governamental alemã: cristão-conservador (CDU/CSU) de Merkel e social-democrata (SPD) de Steinmeier. O incidente levou o ministro do Exterior a, pela primeira, vez criticar publicamente o procedimento da premiê.

O ministro chinês de Ciência e Tecnologia, Wang Gang, declarou ao jornal Handelsblatt que seu país está interessado num diálogo mais intenso com a Alemanha, em todos os níveis. A chanceler federal Angela Merkel seria "bem-vinda a qualquer hora" em Pequim, também durante as Olimpíadas de agosto próximo.

Sinais de aproximação

Consta que Merkel estaria informada sobre a correspondência entre Steinmeier e Jiechi, porém não sobre seus detalhes. Ainda segundo o Spiegel, o ministro alemão haveria se mantido fiel à política de "uma única China", e não se pagou "nenhum preço" pela reaproximação.

Citando fontes governamentais alemãs, o jornal Süddeutsche Zeitung apontou indícios de aproximação por parte da China. Comentários positivos do Ministério das Relações Exteriores e da mídia chinesa, a respeito de declarações recentes de Merkel, seriam "um claro sinal" de que, para o futuro, a China "aposta na ampliação das relações políticas e econômicas" entre os dois Estados.

Como antes do Dalai

Deutschland China Demonstration in Berlin gegen Olympia in Peking
Protestos na Alemanha contra Pequim: 'Genocídio não é disciplina olímpica'Foto: AP

O Ministério alemão do Exterior não quis comentar as informações do Spiegel. "O ministro se empenha, em sintonia intensa e estreita com o lado chinês, por uma solução dos recentes conflitos nas relações bilaterais", comunicou um porta-voz.

Sobre um eventual encontro entre Steinmeier e Yang Jiechi, o vice-ministro Erler declarou ao Tagesspiegel am Sonntag: "Estamos nos esforçando por um retorno à normalidade, como era antes da visita do Dalai Lama".

O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, comentou ao mesmo periódico que a China tem grande interesse na tecnologia ambiental alemã. Ele classificou o setor ambiental como um dos fatores mais estáveis da cooperação sino-alemã. No final de janeiro, Gabriel viajará a Cantão e a Pequim.

Enquanto isso, genocídio, trabalho escravo e outras violações dos direitos humanos continuam sendo temas-tabu para quem quiser ser amigo da China. (av)