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China repudia declarações de Eduardo Bolsonaro sobre 5G

25 de novembro de 2020

Embaixada protesta com veemência contra tuíte em que filho do presidente acusa país asiático de espionagem por meio da tecnologia de telefonia móvel. "Inaceitável", afirma, alertando para "consequências negativas".

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 Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro com um boné com o nome de Trump, de quem é admiradorFoto: Fabio Pozzebom/Agencia Brasil

O governo da China protestou nesta terça-feira (24/11) contra comentários feitos pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, no Twitter.

Eduardo, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, acusou o país asiático de espionagem por meio da tecnologia 5G, que é o futuro padrão da telefonia móvel. Ele acrescentou que o Brasil apoia um projeto do EUA para o 5G, que exclui a China.

A embaixada da China no Brasil afirmou que as declarações de Eduardo são infundadas e difamatórias e "se prestam a seguir os ditames dos EUA". Acrescentou que os comentários do filho do presidente "não são condignos com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados".

"Isso é totalmente inaceitável e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio", afirmou.

A embaixada ainda insinuou retaliações, ao afirmar que a China vem sendo o maior parceiro comercial do Brasil por 11 anos consecutivos e também um dos com mais investimentos no país.

Segundo a embaixada, declarações de Eduardo Bolsonaro e outras personalidades "solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil", afirmando que pode haver "consequências negativas".

"Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil", diz a nota.

Depois de fazer as afirmações pelo Twitter, o deputado voltou atrás e apagou a postagem.

Eduardo Bolsonaro é um admirador do presidente Donald Trump e nunca escondeu sua preferência por um alinhamento do Brasil à política externa dos EUA.

Polêmica iniciada por Trump

Trump pressiona parceiros dos Estados Unidos a não usarem a tecnologia 5G da empresa chinesa Huawei, uma das líderes no setor, a afirma que ela é usada pelo governo chinês para espionagem.

No dia 10 de novembro, o Brasil expressou apoio a uma iniciativa dos EUA, conhecida como Clean Network, para criar uma aliança global que exclua a tecnologia chinesa 5G, por meio de um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

O Ministério das Comunicações, que é o responsável pela telefonia móvel no país, não assinou o comunicado.

O apoio brasileiro à iniciativa americana não significa que a Huawei esteja impedia de vender seus produtos no Brasil. O leilão do 5G no Brasil está marcado para 2021, e as regras ainda não foram definidas.

Além disso, a Huawei não é uma operadora de telecomunicações – que de fato concorrem no leilão –, mas uma fornecedora de equipamentos. A empresa chinesa está há mais de 20 anos no Brasil e seus equipamentos representam de 35% a 40% dos que são empregados na redes 3G e 4G no país, segundo estimativas do mercado.

As operadoras de telecomunicações do Brasil já deram sinais de que não pretendem abrir mão dos equipamentos da Huawei.

AS/ots