Made in China
17 de junho de 2011A igreja evangélica, o hotel Grüner Baum, a praça do mercado e até mesmo um lago como os da pequena Hallstatt, na Áustria, poderão em breve ser visitados na província de Guangdong, no sul da China. A construção da réplica do vilarejo com pouco mais de 800 habitantes, reconhecido como patrimônio da humanidade pela Unesco, foi descoberta por acaso pelo prefeito Alexander Scheutz.
Após a descoberta, em maio, a empresa imobiliária chinesa responsável pelo projeto manifestou-se e propôs uma parceria entre as duas Hallstatt, além de uma visita informativa. Alguns dias atrás, o prefeito descobriu que a construção da Hallstatt asiática já está praticamente concluída. "Esse procedimento não nos agrada de maneira alguma", disse Scheutz, apesar de reconhecer que a cópia chinesa poderá incrementar o turismo na versão original.
Apesar de reclamar da forma de agir dos chineses, o prefeito vê a réplica como um motivo de orgulho para os moradores locais, por demonstrar a popularidade da localidade austríaca na China. "Na verdade, é uma ótima propaganda para a nossa comunidade. Muitos vão querer ver a Hallstatt original", declarou ao jornal Oberösterreichische Nachrichten.
Já a proprietária do hotel Grüner Baum, Monika Wenger, disse que, aparentemente, arquitetos chineses passaram os últimos anos fotografando e desenhando prédios de Hallstatt. Para ela, esse procedimento deixa uma sensação de roubo. Para Klaus Kohout, responsável estadual pela conservação do patrimônio histórico, Hallstatt é única e irreproduzível. "Por isso ela é patrimônio da humanidade. Não se pode copiar Hallstatt. A cópia nunca alcançará o original", disse ao jornal.
Sob o ponto de vista legal, a princípio, não há problema em fotografar e reproduzir construções, apenas medições exigiriam a concordância do proprietário, explicou Hans-Jörg Kaiser, do Icomos Áustria, o conselho nacional patrimonial, uma sub-organização da Unesco. Mas ele questionou os limites do turismo. "Nunca se conseguirá reproduzir a paisagem natural e os moradores que fazem um patrimônio da humanidade ser o que é", opinou a outro jornal austríaco, o Der Standard.
O município chinês onde uma parte de Halstatt será reproduzida chama-se Boluo e tem 820 mil habitantes, cerca de mil vezes mais que a comunidade original. As construções replicadas serão utilizadas como residências, hotéis e lojas.
LF/dpa/ots
Revisão: Alexandre Schossler