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Cidades começam a relatar falta de vacinas contra covid-19

12 de fevereiro de 2021

Prefeitura do Rio diz que a cidade só tem doses garantidas até terça-feira. Situação similar afeta Curitiba e Salvador. No ritmo atual, estoque para novos vacinados no país pode acabar em oito dias.

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Container com faixa que diz "A vacina do Brasil". Abaixo, desenho da bandeira do Brasil.
Novo lote de insumos para a produção da Coronavac chegou na quarta-feira ao BrasilFoto: Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo

Pelo sete capitais brasileiras já relataram preocupação com o fim dos estoques de vacinas contra a covid-19 e a possível suspensão das campanhas de vacinação para pessoas que não receberam a primeira dose. Nesta sexta-feira (12/02), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou que a cidade só tem doses suficientes para vacinar idosos até terça-feira.

Paes disse que espera ter "notícias boas” do governo federal até domingo ou segunda-feira, para que possa seguir com o calendário de vacinação. Nesta sexta-feira e sábado, a cidade segue vacinando idosos acima de 85 anos. Na segunda-feira a vacinação é para pessoas com 84 anos e, na terça, de 83 anos. Depois, não há garantia.

A situação no Rio de Janeiro se repete em outras cidades, como Salvador (BA), Juazeiro do Norte (BA) e Ourinhos (SP). 

De acordo com números compilados por um consórcio de veículos de mídia com base em dados das secretarias estaduais de Saúde, ainda há 6,53 milhões de doses prontas para uso no Brasil. No entanto, 70% delas devem ser aplicadas em quem já tomou a primeira dose.

Desta forma, se mantido o ritmo atual de imunização, de cerca de 250 mil doses por dia, o estoque se esgotaria em oito dias para novos vacinados. Assim, até a chegada das novas doses previstas, o país ficaria seis dias apenas aplicando a segunda dose em que já recebeu a primeira.

Já um levantamento do jornal O Estado de S. Paulo aponta que a falta de vacinas também atinge Florianópolis e Curitiba. Na capital do Paraná, a prefeitura estima que as doses disponíveis devem durar somente até quarta-feira. A mesma situação atinge Cuiabá, Aracaju e Natal.

Em Salvador, as autoridades suspenderam a vacinação de agentes de saúde e alteraram o cronograma de imunização de idosos, aplicando doses apenas para maiores de 85 anos. Não há mais previsão para vacinação em pessoas de 80 a 84 anos. 

Estratégia arriscada

Devido à escassez de vacinas, a secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro cogita seguir o calendário de vacinação utilizando os imunizantes reservados para aplicação da segunda dose na esperança de que mais vacinas cheguem a tempo.

Como a segunda dose deve ser aplicada 28 dias após a primeira, o plano seria usar todo o estoque e aguardar um novo lote para as segundas doses. No entanto, a estratégia é arriscada e não é recomendada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), já que não é aconselhável atrasar a segunda dose, podendo comprometer a eficácia da vacina.

A distribuição de doses aos estados é responsabilidade do Ministério da Saúde. A expectativa é que a vacinação possa ser retomada e ampliada a partir de 25 de fevereiro, quando o Instituto Butantan prevê a entrega de 8,6 milhões de doses da Coronavac, produzidas no Brasil em parceria com a Sinovac, com insumos vindos da China na semana passada.

Além disso, com um novo lote de matéria-prima recebido nesta quarta-feira, o Butantan prevê a fabricação de mais 8,7 milhões de doses. Uma nova carga de 8 mil litros de insumos também já foi solicitada à Sinovac. De acordo com o presidente do Butantan, Dimas Covas, a expectativa é entregar 46 milhões de doses até abril.

O atual acordo entre o Butantan e o Ministério da Saúde prevê, ainda, a entrega de outras 54 milhões de doses em prazo a definir.

Além dos insumos, o instituto também negocia com a Sinovac a liberação de 20 milhões de doses extras para garantir a vacinação de toda a população adulta do estado de São Paulo.

Já a produção da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela vacina de Oxford no Brasil, só deve ficar pronta em meados de março.

No total, o Ministério da Saúde já recebeu 11,8 milhões de doses, sendo 2 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca importadas da Índia e 9,8 milhões da CoronaVac, entregues pelo Instituto Butantan.

Sem vacinas, Pazuello ainda faz promessas

As vacinas foram distribuídas aos Estados conforme os números de pessoas enquadrados nos grupos prioritários – e não com base no número total de habitantes.

Os critérios são questionados por alguns estados, como Pará, Santa Catarina, Tocantins e Espírito Santo, que vêm criticando o governo. Outros, como a Bahia, buscam caminhos alternativos, como a compra da vacina russa Sputinik V.

Em sessão de debates temáticos no Senado nesta quinta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse, mesmo com o país sofrendo com a falta de doses, que o governo pretende vacinar toda a população até dezembro.

"Nós vamos vacinar o país em 2021: 50% até junho e 50% até dezembro, da população vacinável. Esse é o nosso desafio, é o que estamos buscando e é o que vamos fazer", ressaltou Pazuello, que nos meses anteriores já fez previsões otimistas que não foram cumpridas.

Segundo ele, quase cinco milhões de doses já foram aplicadas no Brasil e 11,5 milhões de doses já distribuídas.

"Optamos por não fazer reservas de doses e distribuir imediatamente. Não fizemos reserva em galpões do Ministério da Saúde. Não faremos estoque", afirmou.

Até agora, apenas 2,11% da população brasileira recebeu a primeira dose de uma vacina contra a covid-19 e 0,05% as duas, segundo os números levantados pelo consórcio de veículos de mídia.

Na Europa, no fim de janeiro, países também sofreram atrasos e frearam a vacinação devido à demora na entrega de vacinas pelas farmacêuticas.

le/ (ots)