Cidades dos EUA registram confrontos em atos antirracismo
26 de julho de 2020Os Estados Unidos voltaram a registrar protestos contra o racismo e a brutalidade policial neste sábado (25/07), com confrontos violentos ocorrendo em cidades como Austin, Portland e Seattle. Nesta última, dezenas de pessoas foram detidas.
A data marcou dois meses da morte de George Floyd, que desencadeou uma onda de atos antirracismo nos EUA e também em outros países. O afro-americano de 46 anos morreu durante uma ação policial em Minneapolis em 25 de maio, após ser imobilizado e um policial se ajoelhar durante quase nove minutos sobre seu pescoço.
Em Seattle, no estado de Washington, milhares de pessoas saíram às ruas neste sábado, no que foi considerado o maior protesto do movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam) na cidade nas últimas semanas, marcadas por confrontos violentos entre manifestantes e forças federais de segurança na cidade vizinha de Portland, no estado de Oregon.
Policiais em Seattle usaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, após alguns manifestantes atearem fogo num canteiro de obras de um centro de detenção juvenil. Também houve relatos de que alguns dos presentes rasgaram pneus de carros e quebraram janelas.
A polícia afirmou que 45 pessoas foram detidas e 21 policiais sofreram ferimentos durante os confrontos – incluindo um que foi hospitalizado após ser ferido por um explosivo.
Em Austin, no Texas, um homem foi morto a tiros em um protesto, após se aproximar de um veículo e o motorista abrir fogo, informou a polícia local neste domingo. O tiro ocorreu pouco antes das 22h (horário local) de sábado. Ele foi levado a um hospital, onde mais tarde foi declarado morto.
A porta-voz da polícia Katrina Ratliff afirmou que a vítima "talvez estivesse carregando um rifle" quando foi alvo do disparo do motorista. O suspeito foi detido e presta depoimento.
Já em Portland, epicentro dos protestos, confrontos entre manifestantes e agentes da polícia voltaram a marcar a noite de sexta para sábado na cidade, que tem sido palco de manifestações noturnas contra o racismo e a brutalidade policial há dois meses.
O ato de sábado começou pacificamente, com pessoas tocando música e dançando, soprando bolhas de sabão e colocando rosas vermelhas nas barricadas. Mas terminou, como muitos protestos anteriores, com gás lacrimogêneo sendo disparado pelos agentes, após alguns manifestantes tentarem derrubar uma barreira em frente ao tribunal da cidade.
Um repórter da AFP viu pelo menos dois homens sendo detidos e escoltados do local por policiais federais. Mais cedo, a polícia de Portland havia confirmado que um homem foi esfaqueado e o suspeito foi "contido por manifestantes" antes de ser preso por policiais e acusado de agressão, segundo um comunicado. A vítima foi levada a um hospital com uma lesão grave.
A situação se agravou em Portland desde que o presidente Donald Trump decidiu enviar agentes federais, no início deste mês, para conter a agitação na cidade, medida que desencadeou protestos dos líderes democratas do estado de Oregon.
Em vários vídeos divulgados nas redes sociais, os agentes, vestidos com uniformes paramilitares, são vistos detendo manifestantes em carros não identificados, o que alimentou a ira popular e os protestos.
Na sexta-feira, um juiz negou o pedido feito pela procuradora-geral de Oregon, Ellen Rosenblum, para, "com efeito imediato, impedir as autoridades federais de deter ilegalmente os cidadãos" daquele estado.
Rosenblum processou o governo Trump, alegando que os agentes federais prenderam manifestantes sem causa nem provas, os levaram em carros não identificados e usaram força excessiva.
O Departamento de Justiça americano anunciou na última quarta-feira que vai conduzir uma investigação sobre a conduta dos agentes federais que responderam a distúrbios em Portland e em Washington.
EK/afp/ap/lusa/rtr
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