Cientistas descobrem glicina e fósforo em cometa
27 de maio de 2016Cientistas detectaram pela primeira vez um importante aminoácido e fósforo em um cometa, revelou um estudo divulgado nesta sexta-feira (27/05). A descoberta reforça a teoria de que esses corpos celestes transportaram alguns dos ingredientes fundamentais para origem da vida na Terra.
A glicina, um dos componentes das proteínas, foi descoberta na atmosfera do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko pela sonda espacial Rosetta. O aminoácido e o fósforo, elemento essencial para o DNA e células, foram detectados em uma nuvem de gás e poeira que envolve o corpo celeste.
A presença dos elementos no 67P/Churyumov-Gerasimenko "reforçam a ideia de que cometas entregaram as moléculas-chave para a química prebiótica em todo o Sistema Solar e, em particular, na Terra", ressaltou o estudo publicado na revista Science Advances.
Os pesquisadores afirmaram, ainda, que a adição de uma grande concentração dessas moléculas em um corpo de água teria produzido a "sopa primordial" que deu a vida ao planeta Terra há mais de 4 bilhões de anos.
"É a primeira, e inequívoca, detecção de glicina na fina atmosfera de um cometa", afirmou a principal autora da pesquisa, a cientista Kathrin Altwegg, da Universidade de Berna, na Suíça.
O aminoácido já havia sido detectado de maneira indireta em amostras de outro cometa, o Wild 2, em 2006. Porém, as amostras mostraram-se contaminadas, o que dificultou a análise científica. "A existência de glicina em mais um cometa mostra que nem Wild 2 e 67P são exceções", acrescentou Altwegg.
Origem da vida
O descobrimento indica que a glicina é um elemento comum nas regiões do universo onde se formam estrelas e planetas. "Os meteoritos e agora os cometas provam que a Terra foi bombardeada com muitas biomoléculas importantes", avaliou o astrônomo Donald Brownlee, da Universidade de Washington.
A missão Rosetta, que teve início em 2004, foi a primeira a explorar a superfície de um cometa e visa decifrar alguns mistérios sobre o surgimento do Sistema Solar.
"Demonstrar que os cometas são reservatórios de material primitivo no Sistema Solar e que podem ter transportado ingredientes vitais para a Terra é um dos objetivos da missão Rosetta. Estamos satisfeitos com esse resultado", afirmou o cientista Matt Taylor, da Agência Espacial Europeia (ESA).
A sonda Rosetta viajou mais de 6 bilhões de quilômetros percorrendo o sistema solar antes de entrar na órbita do 67P/Churyumov-Gerasimenko, em agosto de 2014. Antes disso, a sonda já havia orbitado na Terra e em Marte e usou a força gravitacional dos planetas para alcançar o cometa.
A Rosetta terminará sua missão em setembro, quando deve se chocar com o Churyumov-Gerasimenko.
CN/ap/rtr/afp/lusa