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Cineastas de amanhã

Soraia Vilela7 de fevereiro de 2004

Cerca de 500 profissionais jovens, entre eles quatro brasileiros, participam da seção Talent Campus no Festival de Cinema de Berlim. Além de discussões e workshops, o encontro oferece subsídios para projetos futuros.

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Casa das Culturas do Mundo, sede do Talent CampusFoto: Antonia Neubacher

Poucos depois de assumir a direção do Festival Internacional de Cinema de Berlim, há três anos, Dieter Kosslick já deixava claro: um de seus principais interesses seria apoiar cineastas jovens.

Através de uma cooperação estabelecida entre o festival, a Fundação para o Fomento do Cinema de Berlim-Brandemburgo e o UK Film Council, foi criada em 2003 a seção Talent Campus, como parte integrante do festival.

Wim Wenders Porträtfoto Deutschland Film-Regisseur Film
O diretor alemão Wim Wenders: diáologo com cineastas iniciantesFoto: AP

Laboratório cinematográfico

Durante cinco dias (7 a 12/02), os cerca de 500 profissionais de todo o mundo têm a oportunidade de entrar em contato com grandes nomes do cinema, como o diretor e produtor Anthony Minghella (O Paciente Inglês), Walter Munch (responsável, entre outros, pela montagem e som de Apocalipse Now) e o diretor alemão Wim Wenders. Sob o lema Let's get passionate about film (Vamos nos apaixonar pelo cinema), a organização do festival dá continuidade ao bem-sucedido projeto do ano anterior.

A Casa das Culturas do Mundo, em Berlim, que sedia o encontro, transforma-se em um verdadeiro laboratório cinematográfico, com palestras, workshops, discussões e até a produção de um curta-metragem digital, rodado e editado pelos participantes.

Em discussão, estão as cinco fases de um filme - desde a idéia, passando pela pré-produção, produção, pós-produção até a promoção - com a participação de diretores, roteiristas, produtores, cinegrafistas, atores, montadores, editores de som e este ano, pela primeira vez, compositores especializados em trilhas sonoras.

NATHANIEL LECLERY BRAZIL berlinale 2004 Talent Campus
O brasileiro Nathaniel Leclery, roteirista de »Fala Tu« e participante do Talent CampusFoto: Presse

Pornochanchada e mercado musical

Dos 3500 inscritos, foram selecionados 520 participantes de 84 países, entre eles quatro brasileiros: o baiano Alexandre Guena, a carioca Isabel Diegues, Nathaniel Leclery (que nasceu em Paris, tendo sido criado no Rio e Nova York) e o capixaba Gustavo Moraes, que já havia participado do Talent Campus do ano anterior.

Entre os projetos em andamento dos brasileiros presentes, está um documentário de Alexandre Guena sobre o mercado negro da música. Batizado ironicamente de Blame on the Major Leagues, em alusão à "primeira divisão" das grandes gravadoras, o documentário pretende abordar a dificuldade de distribuição enfrentada por selos independentes e artistas populares, cujos CDs só chegam ao consumidor final através de vendedores ambulantes.

Participando pela primeira vez de um festival "fora de casa", Alexandre afirma em entrevista à DW-WORLD que o intercâmbio com cineastas de todo o mundo promete ser proveitoso. "Por aqui estamos sempre esbarrando em alguém da indústria do cinema. Parece que tudo pode acontecer", profetiza com otimismo. Acoplado de uma câmera digital, o jovem cineasta pretende registrar trechos de sua passagem pelo Talent Campus.

Já Nathaniel Leclery, roteirista de Fala Tu - presente na seção Panorama da Berlinale - traz na bagagem o projeto de um documentário sobre a pornochanchada dos anos 70, além de São Paulo Surreal, que pretende ser um portrait da metrópole brasileira a partir do trabalho do fotógrafo português Fernando Lemos.

Prêmio

No próximo dia 11, será anunciado o primeiro Berlin Today Award - um prêmio concedido pela Fundação para o Fomento do Cinema de Berlim-Brandemburgo (Filmboard Berlin-Brandenburg). No último ano, todos os participantes do Talent Campus foram convidados a apresentar um projeto de curta-metragem, cujo tema tivesse alguma espécie de ligação com Berlim.

Entre os inscritos, o júri escolheu três cineastas mulheres, que, além de 70 mil euros, receberam ainda o apoio técnico dos cineastas alemães Volker Schlöndorff, Andreas Dresen e Esther Gronenborg para a execução de seus curtas.