Colômbia faz primeira eleição com participação das Farc
11 de março de 2018Os colombianos vão às urnas neste domingo (11/03) em eleições legislativas, determinantes para a implementação do acordo de paz com a antigo grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), convertido em partido político e que participa pela primeira vez de um pleito.
Mais de 36 milhões de eleitores vão eleger 102 senadores e 166 deputados para mandatos de quatro anos. A campanha foi marcada pela violência e intolerância e indicará também a força dos partidos para a eleição presidencial de 27 de maio. Os nomes com maiores chances na corrida presidencial são o candidato moderado de esquerda Gustavo Petro e o concorrente do partido de direita Centro Democrático, Iván Duque.
Os deputados e senadores eleitos devem se pronunciar sobre o passo seguinte no desenvolvimento do histórico acordo de paz assinado em novembro de 2016.
A campanha eleitoral tem sido marcada por atos de violência, incluindo ataques físicos. Ela deveria estar entre as votações mais tranquilas da história recente da Colômbia devido à assinatura do acordo de paz com as Farc, que durante décadas foram um fator desestabilizador na política nacional.
De acordo com as autoridades eleitorais colombianas, um total de 2.951 candidatos estão registados para estas eleições, dos quais 1.114 concorrem ao Senado e 1.837, à Câmara dos Deputados.
Este pleito é crucial porque definirá o apoio que o próximo presidente terá para governar e formará um Parlamento cuja novidade será a presença de dez membros das Farc (agora Força Alternativa Revolucionária Comum), cinco em cada casa legislativa, independentemente do número de votos obtidos, já que foi assim determinado no acordo de paz com a ex-guerrilha.
De acordo com as últimas sondagens, os ex-guerrilheiros devem receber menos de 2% dos votos. O partido de direita Centro Democrático, do senador e ex-presidente Álvaro Uribe, é o que está melhor colocado nas pesquisas, com 17%. Uribe é um dos críticos mais severos do acordo de paz. A coalizão de partidos de centro que apoiam o governo do presidente Juan Manual Santos pode, entretanto, chegar a obter cerca de 25%.
Os candidatos das Farc foram os que receberam as manifestações mais hostis na campanha eleitoral, de diversos setores que não aceitam que sejam eleitos sem terem respondido pelos crimes cometidos.
O novo Congresso terá a sua primeira sessão em 20 de julho e, entre as suas tarefas, terá de aprovar as leis que faltam para a aplicação do acordo de paz com as Farc, que não foram concluídas na atual legislatura. O resultado destas legislativas também abrirá as portas para a formação de alianças para a eleição presidencial de 27 de maio.
Santos pediu aos eleitores de seu país que compareçam às urnas para diminuir o nível de abstenção, tradicionalmente elevado. "Temos que sair para votar", apelou. "Assim poderemos dizer que nossa democracia saiu fortalecida, e quando a democracia se fortalece, todos somos beneficiados", afirmou Santos, depois de depositar seu voto.
MD/lusa/efe/epd/dpa
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