Colônia virou metrópole: da música eletrônica
13 de agosto de 2004A PopKomm disse adeus a Colônia e foi-se embora em direção a Berlim. Para a cidade às margens do Reno, sem dúvida, uma grande perda: o evento é, depois da Midem, na França, a segunda maior feira fonográfica do mundo. Mas Colônia não esperou nem um ano passar para dar sua resposta e voltou a chamar atenção do mundo musical com um evento menor, mas nem por isso pouco promissor: o c/o pop (leia-se: cologne on pop).
Colônia tinha queixas quanto ao formato da PopKomm: a feira seria, antes de mais nada, um evento comercial, um encontro da indústria fonográfica alemã e internacional, cujos convidados não seriam escolhidos segundo critérios artísticos, mas pelo número de vendas de seus discos. Para Sebastian Tauktus, da organização do c/o pop, a PopKomm chegava "como um Ovni que pousava sobre a cidade", ditando o que os DJs deveriam tocar nas pistas da cidade. Ao invés disso, Colônia optou pela volta ao patriotismo local e apostou na maturidade de sua própria cena.
Recuperando a vaidade local –
Colônia decidiu mostrar o que tem de melhor, e isso é internacionalmente sabido: música eletrônica. Na cidade, que tem um pouco mais de um milhão de habitantes, há cerca de 50 selos dedicados à música eletrônica e suas variações.Ralph Christoph e Norbert Oberhaus, idealizadores do evento, explicam que o evento "começa por baixo e por dentro". A grande inspiração veio do festival espanhol de música eletrônica Sonar, de Barcelona, "o maior e melhor festival da Europa" para Phillip Treudt, também da equipe organizadora.
No palco, nomes conhecidos como Schlammpeitziger, o duo Mouse On Mars, Ascii Disko, os veteranos do Air Liquide e do Chicks On Speed, além de novatos como o trio berlinense Warren Suicide. O leque de DJs também é vasto, incluindo a francesa residente na Alemanha Miss Kittin e, como não poderia faltar em Colônia, Hans Nieswandt, da banda Whirpool Productions e colaborador da Spex, a revista de cultura urbana preferida da cidade. Ao todo, são mais de 90 artistas, de 6 a 22 de agosto.
O velho e bom rock não rende? –
Ao menos por enquanto, o c/o pop é voltado a um gênero musical apenas. Nesse primeiro ano, o foco permanece na cena nacional. No próximo ano, quem sabe, o c/o pop poderá ampliar seu programa para incluir a cena européia. E poderá até haver um c/o rock no próximo ano.Por falar em rock: a base de lançamento do c/o pop foi o festival ao ar livre S.O.M.A. (Summer of Music and Arts). No final de semana anterior ao início do festival, algumas das sensações que a cena de rock alternativa catapultou às paradas subiram ao palco: entre eles, os parisienses do Phoenix e a banda Franz Ferdinand, de Glasgow. Até o grupo MIA, de Berlim – espécie de reincarnação da Neue Deutsche Welle em pleno século 21, teve a chance de dar as caras. Talvez uma forma de conciliar as duas vertentes, que tanto brigaram por espaço durante os anos 90.
Discussão não faltará –
Paralelamente, haverá um fórum de debate acerca de temas próximos à indústria fonográfica e à música em geral, eletrônica ou não. Um deles será sobre a proliferação de programas de transferência de arquivos musicais via internet e as saídas da indústria para superar o problema.Difícil despedida –
A partida da PopKomm para a capital parece mesmo ter mexido com os brios da cidade, como ficou claro num artigo publicado no jornal local Kölner Stadt-Anzeiger. Segundo a publicação, a feira havia chegado mesmo ao fundo do poço e "o fato de Berlim ser a capital alemã e de o circuito musical e de mídia da nação acreditar que é preciso estar lá, a qualquer preço, não será uma solução imediata para salvar um evento decadente como a PopKomm". Amargo veredito.