Com base de 2010, Espanha tenta provar que "tiki-taka" ainda é eficaz
4 de junho de 2014Com a mesma base, mas quatro anos envelhecida e taticamente desgastada, a Espanha busca repetir a façanha de Itália e Brasil – ser bicampeã mundial em duas Copas seguidas. Mas os últimos quatro anos da Fúria não foram tão espetaculares quanto os que antecederam a conquista na África do Sul, em 2010. A seleção de Vicente Del Bosque conquistou também a Eurocopa de 2012, mas seu estilo de jogo, o famoso "tiki-taka", não parece ter mais a mesma eficiência.
Contra a Holanda, em 2010, a Espanha entrou em campo com: Casillas; Sergio Ramos, Piqué, Puyol e Capdevilla; Xabi Alonso, Busquets, Xavi e Iniesta; Villa e Pedro. Quatro anos depois, Del Bosque fez poucas alterações na equipe. Caso consiga ser bicampeão, ele vai igualar Vittorio Pozzo (campeão mundial com a Itália em 1934 e 1938) como o único treinador a conquistar por duas vezes o torneio.
O time de 2014 mantém a mesma base, mas com algumas alterações. Na defesa, saem o aposentado Carles Puyol e o lateral Capdevilla, para as entradas de Azpilicueta na lateral direita – Sergio Ramos sai da direita para a zaga central – e Jordi Alba na esquerda.
O meio-campo permanece idêntico e no ataque há grandes nomes, mas nenhum que convence. Tanto é que a grande esperança espanhola é que o brasileiro naturalizado Diego Costa se recupere a tempo de uma lesão e consiga atuar na Copa. Fernando Torres não convence há algumas temporadas. David Villa não é mais tão decisivo como antes e. com sua transferência para a Major League Soccer, dá indícios que sua carreira está na descendente.
O ataque já vem sendo há um bom tempo a principal dor de cabeça de Del Bosque. Na Eurocopa, a Espanha jogou com um "falso nove", Fàbregas, e foi o suficiente. E com a contusão de Diego Costa e do veloz ponta Jesús Navas (cortado da lista), o técnico precisa que Torres volte a ser decisivo como foi na Eurocopa de 2008 e nos tempos de Liverpool. Algo bastante improvável.
Motivo a mais para questionar as ausências de Álvaro Negredo, que começou bem a temporada no Manchester City (mas perdeu a titularidade no decorrer para Edin Dzeko), e Fernando Llorente, que foi uma das principais peças no título italiano da Juventus, mas que perdeu espaço na seleção espanhola depois de ter amargado o banco de reservas na temporada anterior, no Athletic Bilbao.
Assim, o plano tático para a Espanha em 2014 passa muito mais em povoar o meio-campo e apostar as fichas no único jogador ofensivo mais lúcido do setor, Andrés Iniesta. A tendência também é que a "nova" Espanha conte muito mais com as investidas dos laterais e fixe mais os volantes Xabi Alonso, Xavi e Busquets, com funções mais de cobertura defensiva. Com Azpilicueta e Alba, Del Bosque tem dois alas velozes e com boa chegada à área adversária.
A base da seleção espanhola, apesar do insucesso na temporada, permanece sendo o Barcelona. Com seis atletas, o time catalão tem apenas um convocado a menos que Real Madrid e Atlético de Madrid, finalistas da Liga dos Campeões juntos.
Parte disso se deve ao fato de as equipes da capital terem muitos estrangeiros. Por outro lado, porém, os 23 convocados mostram a preferência de Del Bosque pela continuidade. Tanto é que ficaram de fora atletas como Gabi, do Atlético de Madrid, o próprio Llorente e Daniel Carvajal, do Real, mesmo sendo mais regulares que Juan Mata, Javi Martínez, Santi Cazorla e Torres.
Não houve a reformulação necessária para dar continuidade à melhor geração de futebol da história Espanha. Se na metade dos anos 2000 surgiram nomes como Fàbregas, David Silva, Iniesta, Piqué, Casillas, entre outros, a nova geração continua tendo sucesso nas competições nas categorias de base, mas não recebe o respaldo de Del Bosque na seleção principal. Gerard Deulofeu, Joselu, Marc Batra, Álvaro Morata, Isco, Iker Muniain e Rodrigo mal tiveram oportunidades. E Thiago Alcântara foi cortado da lista para a Copa por lesão.
Essa lacuna entre os antigos campeões e a nova geração pode custar caro à Espanha. E a defesa do título mundial já começa com uma prova de fogo. A estreia é justamente contra a outra finalista de 2010, a Holanda. A partida será em 13 de junho, na Arena Fonte Nova. Depois, a Fúria enfrenta a segunda pedreira do Grupo B: o Chile, no dia 18, no Maracanã, e fecha a participação na primeira fase contra os australianos, no dia 23, em Curitiba.
Os 23 convocados:
Goleiros:
Iker Casillas (Real Madrid)
Pepe Reina (Napoli/ITA)
David de Gea (Manchester United/ING)
Defensores:
Sergio Ramos (Real Madrid)
Gerard Piqué (Barcelona)
Jordi Alba (Barcelona)
Cesar Azpilicueta (Chelsea/ING)
Juanfran (Atlético de Madrid)
Javi Martínez (Bayern de Munique/ALE)
Raúl Albiol (Napoli/ITA)
Meio-campistas:
Sergio Busquets (Barcelona)
Xavi Hernández (Barcelona)
Andrés Iniesta (Barcelona)
Cesc Fàbregas (Barcelona)
Xabi Alonso (Real Madrid)
David Silva (Manchester City/ING)
Santi Cazorla (Arsenal/ING)
Koke (Atletico de Madrid)
Juan Mata (Manchester United/ING)
Atacantes:
Diego Costa (Atlético de Madrid)
David Villa (New York City FC/EUA)
Pedro Rodríguez (Barcelona)
Fernando Torres (Chelsea/ING)