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Combate à Aids como ajuda ao desenvolvimento

ef1 de dezembro de 2003

Governo alemão declara o combate à Aids como ponto central de sua ajuda ao desenvolvimento. Berlim quer também possibilitar que o Terceiro Mundo produza o coquetel de medicamentos para aidéticos.

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Wieczorek-Zeul quer produção de remédios no 3º Mundo

A ministra da Cooperação Econômica da Alemanha, Heidemarie Wieczoreck-Zeul, justificou, no Dia Mundial de Luta contra a Aids, que a epidemia da doença ameaça a estabilidade dos países pobres. Quotas de infeção superiores a 30%, segundo a ministra, ameaçam as chances de desenvolvimento de países inteiros no sul da África. A ministra social-democrata exigiu, ao mesmo tempo, uma cooperação de todos os países industrializados. Do total de 40 milhões de infectados com o vírus da Aids no mundo, 28,2 vivem no continente africano.

A Alemanha se comprometeu a contribuir anualmente com 300 milhões de euros ao Fundo para Combate à Aids, Malária e Tuberculose das Nações Unidas, até 2007. O número de mortos em conseqüência da doença no mundo deverá bater este ano o recorde de mais de três milhões, segundo estimativas da ONU.

Boehringer Ingelheim Fabrik in Biberach
Fabricante de medicamentos contra aids Boehringer Ungelheim, em Biberach, na AlemanhaFoto: Boehringer Ingelheim GmbH

Coquetel para o Terceiro Mundo

- A ministra Wieczoreck-Zeul também anunciou conversações com a indústria farmacêutica Boehringer Ingelheim sobre a liberação da patente de medicamentos contra a Aids para países em desenvolvimento. O anúncio do governo social-democrata e verde em Berlim foi uma reação às declarações do coordenador de projetos sobre Aids do grupo, Laurence Phillips, de que a Boehringer Ingelheim vai lutar pelo seu direito de patente. ONGs, como a Médicos sem Fronteiras, mostraram-se decepcionadas com a indústria farmacêutica.

Phillips havia aventado a possibilidade de que empresas de países em desenvolvimento poderiam obter da Boehringer Ingelheim a licença para copiar os produtos, sob determinadas condições. Os parceiros teriam que pagar um preço justo e garantir o padrão de qualidade da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O representante da Boehringer Ingelheim justificou a necessidade de haver cautela e muita responsabilidade com tais medicamentos, uma vez que a produção falsificada seria um veneno para os pacientes. Mas a cautela da firma com a sua patente gerou decepção, tendo em vista que a maioria dos necessitados estão nos países pobres. Segundo a OMS, seis milhões de pessoas nas nações em desenvolvimento precisam do coquetel e apenas 300 mil estão sendo abastecidas.

Doença crônica

- Na Alemanha, o coquetel de medicamentos transformou a sentença de morte que significava a Aids no diagnóstico de uma doença crônica. Gerhard Malcharek é um dos aproximadamente 40 mil contaminados com o HVI na Alemanha e, graças ao coquetel à sua disposição, vê perspectiva de vida. Do total de infectados no país, cerca de cinco mil estão com a doença. Desde que a epidemia começou, no início dos anos 80, quase 60 mil pessoas foram infectadas na Alemanha. Em mais de um terço a Aids se manifestou e a maioria já morreu.

Os medicamentos, que foram chegando ao mercado, em pequenos espaços de tempo a partir de meados dos anos 80, surtem efeito. Malcharek se contaminou há mais de 12 anos. Ele conta que quando recebeu o resultado positivo do seu teste de Aids programou visitar as pirâmides do Egito, o Haiti e outros lugares bonitos do mundo. "Já fiz tudo isto e mais alguma coisa, e ainda estou aqui", diz ele animado, acrescentando que casou com o seu companheiro e ainda tem "perspectiva de vida".

Sem perspectiva de vacina

- Os especialistas vêem um grave porém no sucesso dos programas de prevenção da Aids na Alemanha: se fala cada vez menos sobre a doença e isto é fatal. Eles advertem que principalmente o trabalho de prevenção tem de prosseguir ininterruptamente para atingir cada geração. Afinal de contas, ainda não foi descoberta uma vacina contra a Aids. Nem há uma em vista.

Os grupos mais atingidos são os de homossexuais, seguidos pelos viciados em drogas. Os programas de ajuda na Alemanha estão mais representados nas grandes cidades, porque é nelas que vive a maior parte dos infectados com o vírus HIV. Os atingidos recebem todo tipo de ajuda, seja de ordem familiar, trabalho, questões de tratamento ou assistência médica adequada.

Três organizações se encarregam das questões da Aids na Alemanha. Uma central faz campanhas nacionais de esclarecimentos e distribui preservativos. Uma outra, igualmente financiada pelo Ministério da Saúde, trabalha também mundialmente na área de prevenção. E uma fundação arrecada dinheiro para os atingidos pela epidemia e conta com a ajuda de personalidades famosas para melhorar as condições de vida dos aidéticos.