Lucros com mudança climática
10 de abril de 2007O setor ambiental está se transformando num dos mais promissores da economia alemã, segundo conclusões de um estudo realizado pela consultoria Roland Berger a pedido do governo alemão.
O combate às temidas mudanças no clima do planeta pode resultar em oportunidades de negócios para a indústria alemã, cujas empresas têm reconhecido know-how em produtos e tecnologias "verdes".
O diretor da Roland Berger, Burkhard Schwenker, calcula que, em 2030, o "setor verde" deverá faturar cerca de um trilhão de euros. "Nesse setor, a Alemanha ocupa um papel de liderança mundial", afirmou ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
A Roland Berger elaborou um atlas ecológico da Alemanha, a ser divulgado em junho de 2007, durante encontro de cúpula da União Européia (UE) sobre meio ambiente.
Liderança alemã
Schwenker lista áreas nas quais os alemães já ditam padrões internacionais: as empresas alemãs possuem a maior capacidade instalada de geração de energia eólica, a mais alta taxa de uso de materiais reciclados na fabricação de embalagens, as mais modernas tecnologias para a construção de usinas elétricas e são líderes na produção de aparelhos domésticos eficientes.
Uma em cada três células solares produzidas no mundo leva a marca made in Germany, assim como dois terços dos aerogeradores (os cata-ventos utilizados nos parques eólicos). Diferentemente de outras áreas nas quais a indústria alemã é competitiva, no setor ambiental grande parte da produção ocorre em solo alemão e não em terras asiáticas.
"No caso das células solares, o percentual de geração de valor na Alemanha fica entre 70% e 80%", afirma o consultor Torsten Henzelmann, da Roland Berger. "Na indústria automobilística, mal chega à metade."
Exportações e empregos
As afirmações dos consultores são confirmadas por balanços divulgados recentemente. De acordo com a Federação de Energias Renováveis, os seus associados exportaram seis bilhões de euros no último ano, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior.
O bom momento se reflete também no mercado de trabalho. "Em 2020, o setor ambiental alemão empregará mais pessoas do que o setor mecânico e a indústria automobilística juntos", disse Henzelmann. Pelos cálculos da consultoria, o setor ambiental já emprega em torno de um milhão de pessoas, ante 900 mil do setor mecânico e 800 mil da indústria automobilística.
As perspectivas de representantes do setor também são otimistas. A área de energias renováveis estima a criação de 15 mil empregos na Alemanha apenas este ano. "Até 2010, serão gerados 60 mil postos de trabalho", prometeu o presidente da Federação de Energia Eólica, Peter Ahmels. O setor de energias renováveis já emprega 214 mil pessoas.
Os números positivos já levaram o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, a falar em "terceira revolução industrial".
China: mercado promissor
Entre os mercados mais promissores para os produtos e tecnologias alemães está a China. O consumo de energia no país cresce 20% ao ano, e a população sofre com os efeitos da poluição causada por usinas termelétricas a carvão.
A China também tem problemas com a poluição de seus rios e o acúmulo de dejetos. A indústria alemã já reconheceu essas oportunidades e aposta num rápido crescimento de seus negócios na Ásia.