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ConflitosQuirguistão

Combates entre Quirquistão e Tadjiquistão deixam 100 mortos

18 de setembro de 2022

Fronteira entre países centro-asiáticos é palco regular de combates desde fim da União Soviética mas atual violência é sem precedentes. Putin pede moderação a presidentes quirguiz e tadjique em meio a frágil cessar-fogo.

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Explosão em zona montanhosa e árida
Foto da guarda fronteiriça quirguiz registra combates com tadjiques em 16/09/2022Foto: KYRGYZ BORDER GUARD SERVICE/REUTERS

Os combates fronteiriços entre o Tadjiquistão e o Quirguistão deixaram quase 100 mortos durante a semana corrente, informaram neste domingo ambos os países. Trata-se da maior onda de violência em anos, após a instauração de um cessar-fogo frágil. Segundo o governo quirguiz, contudo, ao fim da tarde a situação na fronteira disputada pelas duas ex-repúblicas soviéticas estava calma, após a assinatura de um cessar-fogo de emergência na sexta-feira.

A diplomacia tadjique divulgou no Facebook um primeiro balanço pormenorizado da sua parte, registrando 35 mortos na maioria civis, e 25 feridos em combates entre quarta e sexta-feira.

A mesma fonte afirma que o exército quirguiz matou 12 indivíduos num ataque com drone a uma mesquita; mais seis numa investida análoga contra uma escola, e outros sete ao disparar sobre uma ambulância. Tais informações não puderam ser confirmadas por fontes independentes, num país autoritário e fechado à imprensa.

Por sua vez, em seu mais recente balanço o Ministério da Saúde do Quirguistão relatou 59 mortos na região de Batken, situada no sudoeste, próximo à fronteira com o Tadjiquistão, além de 144 feridos. O ministro de Situações de Emergência, Boobek Ajikeeb, acrescentou que quatro soldados estão desaparecidos.

Antes, 137 mil moradores da região haviam sido evacuados, enquanto numerosos cidadãos se apresentaram às autoridades, pedindo para ser enviados à zona de conflito como combatentes voluntários. O presidente quirguiz, Sadyr Khaparov, decretou luto nacional na segunda-feira.

Policiais fazem barreira diante de multidão
Policiais tiveram que dispersar cidadãos quirguizes que se apresentaram para combater na fronteira com o TadjiquistãoFoto: Vladimir Voronin/AP/dpa/picture alliance

Putin pede calma

O balanço de vítimas indica combates fronteiriços de gravidade inusitada desde a independência destes dois países, em 1991. Em abril de 2021, choques similares causaram a morte de 50 cidadãos, suscitando temores de um conflito em maior escala.

Entre esses dois países da Ásia Central, Moscou historicamente desempenha papel de árbitro. Em conversas telefônicas neste domingo, o presidente russo, Vladimir Putin, apelou a seus homólogos tadjique, Emomali Rakhmon, e quirguiz, Sadyr Khaparov, para que evitem novos confrontos.

Em comunicado, a guarda-fronteiriça quirguiz indicou que às 22h00 (14h00 em Brasília), a situação na fronteira das regiões de Bartken e Och continuava "tensa, mas "com tendência a se estabilizar". A fonte acrescentou que "no âmbito dos acordos concluídos, as forças e meios de reforço enviados estão se retirando da fronteira para seus locais de destacamento habituais".

A divisão entre o Tadjiquistão e o Quirguistão é regularmente palco de combates. Cerca de metade dos 970 quilômetros de fronteira comum são contestados desde o desmembramento da União Soviética, num contexto de tensão pelo acesso a recursos básicos.

av (Reuters,Lusa)