Mercado automobilístico
25 de fevereiro de 2009
A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia (UE), advertiu os Estados Unidos nesta quarta-feira (25/02) em Bruxelas para que seus esforços de salvamento da indústria automobilística norte-americana não levem a distorções na concorrência com outros países.
"A Comissão não permitirá nenhum nacionalismo econômico", disse o comissário europeu para a Indústria, Günter Verheugen. "Não temos nenhum interesse em um colapso da indústria norte-americana, mas o que lá acontece deve seguir as regras internacionais", disse o comissário alemão.
A Comissão Europeia quer que os governos respeitem as regras do jogo limpo, tanto "dentro como fora do mercado europeu", lembrou Verheugen. Segundo ele, a crise na indústria norte-americana paira sobre a Europa como uma "nuvem ameaçadora". O perigo de que um dos principais fabricantes do país declare insolvência aumenta a cada dia e seu impacto sobre a Europa seria enorme, prevê.
Verheugen deixou claro que a indústria automobilística, que emprega 12 milhões de pessoas e é uma das mais atingidas pela crise, é fundamental para a Europa. Os problemas estruturais vêm agora à tona, mas "nem os governos nacionais nem a Comissão são responsáveis por decidir que fábricas devem ser fechadas ou que postos devem ser eliminados", acrescentou.
Sugestões da Comissão
O comissário da Indústria e a comissária de Defesa à Concorrência, Neelie Kroes, apresentaram nesta quarta-feira em Bruxelas possíveis medidas a serem tomadas pelos Estados-membros para impulsionar o setor automotivo. Tais propostas serão discutidas em uma cúpula especial dos chefes de Estado e de governo da UE no próximo domingo em Bruxelas.
Para combater a crise, a Comissão sugere que governos, indústria e sindicatos debatam em uma mesa-redonda formas de ajudar setores-chaves da indústria europeia. As empresas devem manter os governos informados sobre planos de cortes de pessoal a fim de que estes possam reagir a tempo através de incentivos da UE, disse Verheugen. Entre as demais medidas sugeridas pela Comissão, estão ainda créditos do Banco Europeu de Investimentos (BEI), garantias estatais e também fundos de ajuda para desempregados.
Na reunião em Bruxelas, o comissário Verheugen anunciou ainda que o Banco Europeu de Investimentos irá conceder empréstimos em condições favoráveis no valor de 3,8 bilhões de euros. Além desta soma, já teriam sido solicitados outros 7 bilhões de euros, afirmou o alemão.
Medidas nacionais de proteção à indústria
Tanto os governos da França como da Alemanha, Espanha, Itália, Suécia e Reino Unido lançaram recentemente planos para ajudar a indústria automobilística nos seus respectivos países. Segundo o jornal francês Le Figaro, o governo francês pretende agora voltar atrás em seu pacote de ajuda à indústria automotiva nacional.
Referindo-se ao fabricante alemão Opel, Verheugen advertiu que uma ajuda estatal só seria possível se fosse garantida a sobrevida da empresa em longo prazo. O contribuinte europeu não pode ser responsabilizado por erros administrativos da matriz General Motors, disse o comissário. Além disso, alertou que "a separação da subsidiária da matriz é fácil de exigir, mas na prática não é fácil de executar".
Graças às recentes medidas de incentivo ao consumidor, a Federação da Indústria Automobilística alemã (VDA) acredita que em 2009 seja vendido no país o mesmo número de veículos que em 2008, ou seja, mais de três milhões de unidades.