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Comissão Europeia diz que negociações com Mercosul continuam

30 de janeiro de 2024

Órgão executivo da UE desmente governo francês e afirma que pacto é "prioridade". Declaração vem um dia após Paris dizer que conversas entre os blocos teriam sido suspensas.

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Ursula von der Leyen, Roberta Metsola e Emmanuel Macron conversam
Segundo Paris, Macron (dir.) encontrará Ursula von der Leyen (esq.) para tratar do acordo UE-MercosulFoto: Dursun Aydemir/Anadolu/picture alliance

A Comissão Europeia garantiu nesta terça-feira (30/01) que continua buscando formas de fechar oacordo de livre comércio com o Mercosul, um dia após o governo francês dizer que não há entendimento e que a União Europeia (UE) estaria encerrando as negociações.

"As discussões continuam, e a União Europeia continua a cumprir seu objetivo de chegar a um acordo que respeite nossas metas de sustentabilidade e nossas preocupações, particularmente no que diz respeito ao setor agrícola", sublinhou o porta-voz da Comissão, Eric Mamer.

"Estamos em contato com nossos parceiros no Mercosul, e isso está em andamento em termos de negociações para os acordos comerciais", disse ele, acrescentando que o acordo comercial "é uma prioridade da Comissão Europeia".

"Conversas interrompidas"

Um conselheiro presidencial francês havia dito na segunda-feira que a UE entendeu ser impossível chegar a um acordo nas condições atuais e que elas haviam sido interrompidas por causa da posição de Paris.

"Entendemos que a UE instruiu seus negociadores para colocar fim à sessão de negociação em andamento no Brasil e, em particular, cancelar a visita do vice-presidente da Comissão, que havia sido planejada com vistas a uma conclusão", disse o assessor.

O porta-voz da Comissão Europeia disse que o presidente francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, estiveram em contato, mas não quis tecer comentários sobre a conversa.

Autoridades francesas disseram que Macron discutiria a questão na quinta-feira com von der Leyen, à margem de uma cúpula da UE em Bruxelas. Marmer, entretanto, não quis confirmar se a conversa realmente acontecerá.

O porta-voz da Comissão Europeia afirmou que o vice-presidente da Comissão, Valdis Dombrovskis, que supervisiona o comércio, estava pronto para viajar para a América Latina se for possível chegar a um acordo. "Mas, com base nas últimas reuniões que tivemos, isso não parece ser o caso no momento", disse.

Fila de tratores em uma rodovia. Ao lado, homem puxa trator de brinquedo
Há uma semana, agricultores franceses protestam contra o governo e contra o acordo com o MercosulFoto: BERTRAND GUAY/AFP

A União Europeia e o Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, concordaram com um texto de acordo comercial em 2019, após 20 anos de negociações intermitentes. Vários outros membros da UE apoiam o acordo. As negociações foram retomadas depois que o bloco europeu buscou garantias sobre as mudanças climáticas e o desmatamento.

Para ser ratificado, no entanto, o acordo precisa do aval de todos os países do Mercosul e de todos os Estados-membros da União Europeia.

Reservas da França

A França expressou repetidamente reservas sobre o acordo UE-Mercosul e disse que seus agricultores se opõem à perspectiva de permitir a importação de alimentos mais baratos, principalmente carne bovina, que não atendam aos rígidos padrões ambientais da UE.

Semana passada, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, reiterou durante um protesto de agricultores a forte oposição do país ao acordo. "Conforme já anunciado pelo presidente da República [Emmanuel Macron], a França opõe-se à assinatura do acordo com o Mercosul. Digo isso em alto e bom som", frisou Attal.

Não só a França, mas vários países da UE vêm registrando desde dezembro uma série de protestos dos agricultores, incluindo Polônia, Alemanha e Bélgica.

Embora eles estejam irritados por uma série de questões, muitos destacam o acordo com o Mercosul, temendo que ele deprecie ainda mais os preços de seus produtos e aumente a concorrência dos exportadores agrícolas sul-americanos.

md/le (AFP, Reuters)