Comissão reformula abordagem do passado comunista alemão
12 de maio de 2006A elaboração oficial do passado da ex-República Democrática Alemã (RDA) deverá passar por transformações. Uma comissão encarregada pela Chancelaria Federal de investigar o assunto observa "déficits na apreensão da história da RDA, compreendida apenas em termos como parte da história integral alemã". Na próxima segunda-feira (15/05), a comissão composta de historiadores, ativistas de direitos civis da antiga Alemanha Oriental e um teólogo divulga seu parecer mais recente.
Ilha na consciência histórica
Entre os déficits observados, a comissão aponta uma tendência de banalizar a RDA como sistema político ou tentar negar o caráter ditatorial do regime socialista. Os especialistas consideram importante evitar que o passado da RDA se torne uma ilha na consciência histórica da população alemã.
A encarregada de investigar os arquivos da Stasi (abreviatura de "Segurança do Estado", o ministério que funcionava como serviço secreto da antiga Alemanha comunista), Marianne Birthler, alertou que ainda não é hora de encerrar o trabalho de recuperação da memória da RDA. Ela diz notar uma certa impaciência em colocar um ponto final na história de perseguição política do regime comunista.
"Verdadeiro esfacelamento"
A idéia da comissão é abandonar um tratamento institucional da história da RDA, que enfatiza de forma desproporcional a repressão cultivada pelo sistema, e dirigir maior atenção aos valores culturais da sociedade alemã-oriental.
O social-democrata Wolfgang Thierse, vice-presidente do Parlamento alemão, considera inteligente a iniciativa de superar a tendência de reduzir as biografias da RDA a casos de denúncias recíprocas e ao envolvimento com a Stasi.
A comissão planeja descentralizar a investigação sobre o passado comunista alemão. Diferentes fundações seriam encarregadas de documentar três âmbitos da história da RDA: autoridade, sociedade e resistência; vigilância e perseguição; divisão do país e fronteira.
Ativistas de direitos civis da antiga RDA criticaram a proposta de reestruturação como um "verdadeiro esfacelamento" dos órgãos de investigação sobre a ditadura comunista e as arbitrariedades da Stasi.