Como os americanos se preparam para furacões?
7 de setembro de 2017Mal as pessoas se recuperaram da passagem do Harvey e o furacão Irma chegou com toda força à região do Caribe e da Flórida. Com velocidades de cerca de 300 km/h, o Irma provocou sérios danos ao atingir ilhas caribenhas. O mesmo deve acontecer nos EUA, onde Harvey devastou o Texas e a Louisiana. Por esse motivo, as pessoas olham para os próximos dias com grande preocupação, sabendo que a dedicação completa de bombeiros e voluntários não será suficiente.
Nas áreas possivelmente afetadas nos Estados Unidos não há um plano geral de evacuação. Cada cidade e região tenta evitar danos por meio de seus próprios processos operacionais. A retirada de pessoas de bairros inteiros ou de uma região costeira é, na maioria das vezes, o último recurso. Isso se destina a evitar o pânico desnecessário, explicou o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Miami.
Autoridades responsáveis pelo resgate de pessoas recorrem às previsões da NOAA (sigla em inglês de Administração Nacional Atmosférica e Oceânica) e agem somente na iminência de uma ameaça clara. Além disso, os voluntários erguem abrigos emergenciais, que são suficientes para abrigar pouco mais da metade da população.
Leia mais:
Furacão Irma deixa ilha de Barbuda "quase inabitável"
Furacão causa danos e mortes no Caribe
Jimmy L. Morales, gestor da administração municipal de Miami Beach, está ordenando a construção de diques e de muros de contenção com sacos de areia para conter a água. Além disso, ele coordena o trabalho do Corpo de Bombeiros e das equipes de resgate, bem como o apoio dos militares. No Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), alguns críticos acham que isso não basta.
Precauções próprias
Nos Estados Unidos, as autoridades de proteção de catástrofes, como a Agência Federal de Gestão de Emergência (Fema), pedem aos cidadãos que, antes de mais nada, preparem-se eles mesmos para casos de maior gravidade. Listas de orientação incluem conselhos que parecem ser evidentes, mas que, aparentemente, não o são para todos.
Celulares, por exemplo, devem estar com as baterias cheias e ser usados somente para o estritamente necessário. Aplicativos que consomem muita bateria, como o Snapchat, não devem ser usados, adverte a Fema, aparentemente de olho em adolescentes que, mesmo em situações de emergência, não param de publicar fotos.
Se possível, geradores elétricos de emergência devem ser providenciados. A agência também aconselha que, além de alimentos duráveis, devem ser armazenados em casa quatro litros de água por pessoa e dia. Além disso, devem ser disponibilizados um rádio portátil, lanternas e material de bandagem. A Fema recomenda que uma mochila ou sacola esteja sempre à mão e que ela contenha baterias, ataduras, dinheiro, medicamentos e cópias dos documentos pessoais mais importantes.
Cidadãos ficam sobrecarregados
Em situações graves, porém, muitas dessas dicas são em vão. Coordenadores de casos de emergência dizem ver cidadãos que tentam proteger as suas janelas com simples fitas adesivas porque a proteção apropriada de madeira já está esgotada nos depósitos. E muitos moradores dizem que acabam sobrecarregados com os cuidados que eles mesmos devem adotar.
"Por onde começar?" é a pergunta mais comum. As precauções a serem adotadas parecem ser demasiadas: os moradores devem contatar centros de ajuda, ter preparados locais seguros para se abrigar, conhecer as rotas de fuga sugeridas, acertar pontos de encontro e procedimentos familiares de fuga e proteger suas residências. Tudo o que estiver ao redor das casas deve ser acondicionado, sobretudo o lixo. E é importante ouvir as notícias para estar a par das instruções das autoridades.
Quando essas pessoas não sabem mais como proceder, costumam recorrer a organizações como a Neighbours 4 Neighbours, que já prestou ajuda durante a devastação provocada pelo Harvey em Houston. Atualmente, esses voluntários estão recolhendo roupas claras, para que pessoas em dificuldades possam ser vistas com mais facilidade no escuro. Além disso, carros e barcos particulares estão sendo colocados de prontidão em locais protegidos, para o caso de faltar ajuda oficial.
Colapso de linhas telefônicas
As agências de proteção de catástrofes estão verificando as suas linhas telefônicas para que o sistema não volte a cair com o elevado número de ligações de última hora, como aconteceu em Houston. Durante horas, os telefones de emergência estiveram fora do ar. Além disso, não houve uma coordenação correta entre as equipes de resgate, que nem sempre se deslocaram aos locais mais necessitados.
No entanto, as maiores falhas na infraestrutura dos EUA continuam sendo as linhas telefônicas e elétricas terrestres. Os centros de resgate preveem novos colapsos com o furacão que deve atingir o continente americano neste fim de semana.